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Publicado em 25 de fevereiro de 2013 às 09h37min
Tag(s): Direitos Humanos
O comitê estadual pela Verdade, Memória e Justiça promoveu uma reunião, no auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN), na noite de sexta-feira (22), para discutir um relatório com os primeiros levantamentos documentais sobre atos de violação dos Direitos Humanos em território potiguar pelo Estado Brasileiro entre os anos de 1946 e 1988. Na ocasião, também foram levantadas questões acerca da publicação de livros com relatos do Campo de Concentração de Parnamirim e referentes ao Inquérito Policial Militar (IPM) do capitão Lacerda, ambas as situações que envolvem torturas na Base Aérea de Natal. Bem como a organização de debates em escolas da rede pública com o tema.
Ao convidar jornalistas e comunicadores para auxiliarem nas pesquisas e discussão, o Comitê local efetiva uma resolução determinada na instalação da Comissão Nacional da Verdade, em maio de 2012, que orientou Estados e municípios a criarem seus próprios grupos. A expectativa é que o relatório inicial seja a base para um documento mais abrangente, chamado RN Nunca Mais, a ser lançado no primeiro semestre de 2014. “Vamos ter muitas novidades nos próximos anos. Hoje temos acesso ao material de esquema de repressão, como fotografias e relatórios enviados por órgãos, como o Itamaraty e a Petrobras”, diz Roberto Monte, secretário do Comitê Estadual pela Verdade, Memória e Justiça no RN.
Ele esteve em Brasília na semana passada para participar de reuniões com a Comissão Nacional. “Trabalhamos desde agosto de 2011 em busca de documentos que revelem a situação que vivíamos. Uma coisa é um sujeito ou um grupo cometer um ato violento. Outra é essa violência partir do Estado. Já temos sete documentos que comprovam isso. No Campo de Concentração de Parnamirim, por exemplo, sabemos que tinha mais de 30 pessoas que ficaram 130 dias no pau. Teve gente que teve a cabeça furada por um prego”.
Esses documentos serão transformados em livro. Segundo Roberto, o prefeito Carlos Eduardo Alves assinou uma carta com o compromisso de colaborar na comissão. “Você entregava um panfleto e entrava no pau. Estamos falando de barbárie. Eu acredito na democracia, na pluralidade, no Estado de Direito, não no golpismo. Aquilo [torturas durante o Estado Novo e o Regime Militar] foi uma estupidez. Queremos que a população tenha acesso à verdade” – em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, as ideias serão levadas às crianças e adolescentes.
“É uma época muito boa para estudarmos e entendermos a história. Estamos fazendo um levantamento de coisas que aconteceram 30, 40 anos atrás. Foi uma guerra que perdemos, mas que podemos corrigir distorções. Muita gente importante aqui de Natal não vai gostar. Estou falando de botar gente numa caldeira” – segundo dados oficiais, foram 475 mortos durante o Governo Militar; o número oficioso seria o triplo. “Todo povo tem direito a defesa. Existia uma guerra ideológica, que terminou sendo suja. Vivíamos um tempo de liberdade mínima. Mesmo com décadas de atraso, quero coisas boas para meu país”.
Fonte: Jornal de Hoje