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Publicado em 12 de março de 2013 às 09h17min
Tag(s): Folha de São Paulo
No futuro, você terá dispositivos tecnológicos acoplados ao corpo, mas esqueça o visual robótico. Os computadores vestíveis --conhecidos em inglês como "wearables"--, classe de equipamentos que toma a forma de roupas e outros acessórios, serão objetos fashion, que vão se misturar com as peças do vestuário comum.
Em desenvolvimento por universidades, hackers e empresas, dispositivos vestíveis ainda causam estranheza pelo visual. Em janeiro, Sergey Brin, cofundador do Google, chamou a atenção ao desfilar, no metrô de Nova York, com o Google Glass, óculos futurísticos da empresa.
Mas isso vai mudar. "Os vestíveis não serão 'populares', mas 'normais'. A categoria tem um problema no nome, porque os produtos atuais, na maioria, não podem ser vestidos. Eles são desajeitados, não combinam e demandam hábitos que não temos", diz Sonny Vu, executivo-chefe da Misfit Wearables, empresa emergente no setor.
"Você não precisa carregar a bateria da sua camiseta. Por que você teria que aprender isso?", exemplifica.
Os dispositivos tomarão a forma de óculos, pulseiras, calçados, relógios e outras peças do armário --algo que já é visto em alguns itens à venda, como os sensores Nike+, que ficam embutidos nos calçados de quem corre.
Assim, o corpo terá, além de sensores (que poderão ainda controlar o metabolismo, por exemplo), câmeras, painéis que funcionam como monitores e alertas sonoros.
"Mas, para fazer tudo isso, eles precisam ser socialmente aceitáveis. Quem sabe um vestível da Rolex, disfarçado de relógio?", diz Rico Malvar, cientista-chefe do Microsoft Research, braço de pesquisas da empresa do Windows.
Memória aumentada
Os vestíveis também poderão estender a capacidade dos sentidos e da memória.
"As funcionalidades serão parte de você, que não gastará dez segundos para saber quem telefona, e sim dois", explica Thad Starner, professor na Universidade Georgia Tech e diretor técnico do projeto do Google Glass.
Os melhores sistemas, diz ele, não vão interromper o mundo real --pense nos perigos de olhar o smartphone enquanto dirige o carro-- e, sim, fazer parte dele.
Além disso, eles terão a capacidade de melhorar nossos sentidos. Por exemplo, dar um zoom para enxergar melhor o rosto de alguém que está do outro lado da rua.
Com um sistema vestível, surgirá também aquilo que Starner batizou de "memória aumentada", informações que não estão no seu cérebro, mas que aparecerão velozmente à frente dos seus olhos, enquanto uma situação se desenrola.
Usuário de óculos futuristas desde 1993, Starner demonstrou isso durante uma entrevista à Folha. "Não converso com um jornalista brasileiro desde 1999", disse ele, como se recordasse naturalmente da data. Ele também soube informar o nome e o e-mail do profissional.
Gerhard Tröster, chefe do laboratório de computação vestível do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (Suíça), afirma que existem dois desafios para que isso ocorra: "Os preços precisam cair, e os componentes eletrônicos precisam fazer parte da cadeia de fabricação para garantir a produção em escala".
Fonte: Folha de São Paulo