Projeto brasileiro de busca de arcos gravitacionais divulga seus primeiros resultados

Publicado em 23 de abril de 2013 às 09h25min

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 Um grupo de astrônomos de várias instituições de pesquisa no Brasil se uniu para desenvolver o primeiro projeto de busca sistemática de arcos gravitacionais desenvolvido no país. Os resultados da fase inicial do projeto SOAR GRavitational Arc Survey, ou SOGRAS, originaram o primeiro artigo científico que foi publicado na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, editada pela Oxford University Press.
O projeto SOGRAS reúne pesquisadores e alunos de pós-graduação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Universidade Federal do Rio Grande do Sul ­(UFRGS), Universidade de São Paulo­ (USP) e Observatório Nacional ­(ON) - participantes do Laboratório Inter-institucional de e-Astronomia (LIneA) - e do Laboratório Nacional Fermi (Fermilab), nos Estados Unidos, usaram o telescópio SOAR, situado no Chile, para encontrar arcos gravitacionais em aglomerados de galáxias.
Arcos gravitacionais são imagens deformadas de galáxias distantes quando sua luz atravessa um intenso campo gravitacional, como aquele causado por aglomerados de galáxias contendo, às vezes, milhares de galáxias num volume cósmico relativamente pequeno. Esse efeito ocorre porque a trajetória da luz se curva na presença da gravidade muito intensa do aglomerado, que então funciona como se fosse uma lente. Daí o fenômeno ser chamado de lenteamento gravitacional. Tal fenômeno foi previsto pela teoria da relatividade geral do físico Albert Einstein. A comprovação experimental veio em 1919, durante um eclipse total do Sol observado em Sobral (Ceará) e na Ilha de Príncipe. Na ocasião, foi possível medir o desvio da trajetória da luz de estrelas distantes causada pelo Sol.
De acordo com os pesquisadores, os arcos gravitacionais são de grande utilidade para pesquisas em astrofísica e cosmologia. Eles são utilizados para mapear a distribuição total de matéria em galáxias e aglomerados. Permitem, portanto, enxergar a matéria escura, que não interage com a luz e que representa a maior parte da massa desses objetos. Ainda não se sabe bem do que é constituído este componente de matéria, mas provavelmente ela é um tipo de partícula ainda não descoberto. Arcos gravitacionais também permitem testar a própria teoria de relatividade geral e teorias alternativas.
Mas esse é apenas o começo. Diversas análises científicas se seguirão, utilizando os dados do projeto, desde o modelamento pelo lentamento gravitacional até o estudo das galáxias dos aglomerados.
O artigo está disponível em http://dx.doi.org/10.1093/mnras/stt380 e também pode ser acessado de forma gratuita pelo público interessado através do link http://arxiv.org/abs/1210.4136.

Fonte: SBPC

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