Curso de Medicina não será ampliado na UFRN

Publicado em 12 de agosto de 2013 às 09h41min

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O Governo Federal quer, nos próximos quatro anos, criar 11.447 vagas nos cursos de Medicina em instituições federais. Desse total, mais da metade – 6.887 – deverão ser abertas até o fim do próximo ano. A meta é um dos objetivos do polêmico “Programa Mais Médicos” instituído pelo Ministério da Saúde (MS). Natal não vai receber nenhuma dessas vagas.
De acordo com a coordenação do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a possibilidade de expansão do curso na capital do Estado está descartada devido à falta de profissionais e estrutura física adequada que suporte a demanda. “Não podemos expandir e perder a qualidade de ensino”, enfatiza a professora Elaine Bezerra.
Não é a primeira vez que a possibilidade de mais estudantes ingressarem no curso de Medicina da UFRN não se viabiliza devido à falta de componentes que garantam o ensino e aprendizado. Em 2009, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) autorizou a oferta de 120 vagas na UFRN, no entanto, o número ficou limitado a 100 vagas distribuídas nos dois semestres. “Tínhamos a autorização, mas não ofertamos mais que 100 vagas pois não contamos com condições estruturais. Só comportamos 50 alunos em cada turma”, explica o professor George Dantas, à época, coordenador do curso.
Aumentar o número de vagas nas instituições federais é objetivo dos ministérios da Educação e da Saúde para que o Brasil passe a contar, até 2020, com 2,5 médicos por mil habitantes. Atualmente, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país conta com 1,8 médico para cada mil habitantes.
Para os professores, a simples abertura de novas vagas pode acarretar problemas de aprendizado. A inviabilidade esbarra em questões básicas como espaço físico para acomodar mais alunos e a falta de professores em sala de aula. Mas um curso complexo como o de Medicina apresenta outros componentes que devem ser analisados antes de se pensar em receber mais alunos. A rede de assistência à saúde do Município e Estado, onde são realizados os internatos, é um diferencial.
Apesar de possuir um hospital universitário e outras unidades que servem não apenas aos estudantes de Medicina, mas a todo corpo discente dos cursos da área biomédica, o contato com pacientes nos postos de saúde e hospitais é premissa de uma boa formação.

A inserção do aluno no Sistema Único de Saúde (SUS), aliás, é uma das diretrizes preconizadas pelo Ministério da Educação (MEC), desde 2001. “A partir do primeiro ano, os alunos já são inseridos, de certa forma, nesse contexto. Já seguimos essa diretriz, mas poderíamos ampliar mais. Devido à várias dificuldades, não conseguimos implantar isso definitivamente. Falta estrutura e perceptores, por exemplo”, diz George Dantas.
Outra questão apontada pelos professores revela um dado curioso. O número de professores na instituição não é pequeno. O corpo docente é constituído por aproximadamente 200 professores. Mas a maioria não tem o magistério como atividade principal. “Na verdade a maioria dos nossos professores não tem dedicação exclusiva. Muitos tem apenas carga horária de 20 horas. Isso é um complicador”, elenca Dantas.

Fonte: Tribuna do Norte

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