Comissão da Verdade acessa arquivos do Ministério do Trabalho

Publicado em 03 de setembro de 2013 às 11h03min

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O Grupo de Trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical, da Comissão Nacional da Verdade (CNV) iniciou na última semana o reconhecimento de arquivos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que são importantes para o entendimento da história do trabalho e do sindicalismo brasileiros e aos quais sindicalistas e historiadores reivindicam acesso há anos.

Tratam-se de arquivos que estavam se deteriorando em depósitos e que eram de conhecimento de diversos historiadores, ainda que sua existência e localização não fossem completamente certas e publicizadas.

Historiadores diversos já haviam tido acesso aos depósitos e encontrado neles documentos que remontam – entre muitos outros temas e órgãos – à Divisão de Segurança e Informações desaparecida do MTE e que tratam de violações aos direitos trabalhistas e sindicais cometidas na ditadura, como cassações de dirigentes sindicais e intervenções sindicais por motivos políticos e repressão a greves legítimas.

Equipes do Arquivo Nacional localizaram estes arquivos e comprovaram sua existência em relatórios. A partir de então, a coordenadora do GT, Rosa Cardoso, e o Ministro Manoel Dias iniciaram diálogo e as portas do MTE foram abertas à CNV.

O Ministério designou equipe para receber e auxiliar a CNV e determinou a transferência dos documentos ao Arquivo Nacional, o que representa um ganho inestimável não apenas para as investigações da CNV, mas também para historiadores, sociólogos e demais pesquisadores do trabalho e do sindicalismo brasileiros.

O primeiro reconhecimento destes arquivos aos pesquisadores da CNV ocorreu nos últimos dias 29 e 30 de agosto e, apenas na primeira visita, já foram encontradas informações sobre cassações de sindicalistas, intervenções em sindicatos, repressão a greves e indícios da atuação da Divisão de Segurança e Informação (DSI) do MTE e de Assessorias de Segurança e Informação (ASIs).

O MTE também forneceu para a CNV acesso aos processos e à base de dados da Comissão de Anistia do MTE para dirigentes sindicais perseguidos. Estes processos são uma fonte valiosa para o entendimento da perseguição e repressão política a trabalhadores e sindicalistas durante a ditadura.

O acesso à documentação do MTE era uma das prioridades do coletivo sindical de apoio ao Grupo de Trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical, da CNV, que reúne representantes de 10 centrais sindicais que apoiam o GT e de diversas entidades sindicais de memória operária e de trabalhadores anistiados, perseguidos e ex-presos.

O Ministério do Trabalho está comprometido em realizar a limpeza do material encontrado e a identificação sumária de seu conteúdo, o que é prioritário para a CNV. A medida é fundamental para que o acervo seja levado ao Arquivo Nacional o mais rápido possível.

Reunião do GT Sindical

Nesta terça-feira (3) o GT Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical e o seu Coletivo Sindical de Apoio se reúnem em São Paulo com Rosa Cardoso.

Na pauta da reunião, estão a consolidação de entendimentos compartilhados sobre as metas políticas e investigativas do GT Trabalhadores e, especialmente, a finalização do cronograma de pesquisa do GT e a definição de uma agenda pública do grupo, que pretende realizar uma série de audiências e atos de sensibilização pelo país para envolver o máximo possível de categorias de trabalhadores que possam relatar episódios de repressão no período investigado pela Comissão Nacional da Verdade (1946-1988).

Uma dessas audiências ocorrerá no mês de outubro, no interior de Minas Gerais, quando completará 50 anos o Massacre de Ipatinga, que deixou um número alto, mas até hoje incerto, de vítimas na cidade mineira, a maioria de trabalhadores da Usiminas, metralhados pela PM, que fazia a segurança da empresa.

O coletivo de apoio espera viabilizar mais um ato nacional de sensibilização e pelo menos mais duas audiências, uma em Santos, que teve muitos sindicalistas presos no navio Raul Soares, logo após o golpe, e em Osasco, sobre a greve de 1968.


Fonte: Portal da Comissão Nacional da Verdade

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