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Publicado em 03 de setembro de 2013 às 11h32min
Tag(s): Direitos Humanos
Os restos mortais do presidente João Goulart (1919-1976) terão "honras de chefe de Estado" durante o transporte a Brasília para uma análise que deve ocorrer ainda neste ano, afirmou nesta segunda (2) a ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário.
O corpo de Jango será exumado no cemitério em que está enterrado na cidade de São Borja (RS) e passará por exames que tentarão identificar se ele foi morto por agentes ligados à estrutura de repressão da ditadura militar (1964-1985).
Maria do Rosário se reuniu nesta segunda (2) com a direção estadual do PDT, em Porto Alegre. Ela apresentou ao partido, de Christopher Goulart, neto de Jango, o plano de remoção dos restos mortais para a capital federal.
Segundo a versão oficial, o presidente sofreu um ataque cardíaco quando vivia no exílio, na Argentina. A Comissão Nacional da Verdade e o governo federal, porém, investigam as circunstâncias. Jango foi deposto pelo golpe militar de 1964.
A data do transporte do corpo deve ser marcada no próximo dia 17. O governo ainda articula detalhes do traslado e eventuais homenagens em Brasília. O retorno a São Borja, segundo a ministra, também será "com as honras de um presidente". "Jango terá o tratamento que não recebeu quando foi deposto e no momento do seu sepultamento."
Maria do Rosário disse ainda que o corpo foi recebido na época "pelo povo" nas ruas, mas, por ordens da ditadura, o caixão foi transportado com rapidez, de maneira "desrespeitosa".
Christopher diz que o presidente nunca teve as honras oficiais devidas. "Quando ele morreu, não teve luto oficial, não teve bandeira a meio mastro. Agora, seria algo muito simbólico, a mesma coisa que quando um presidente da República falece. Todas as pompas oficiais", afirmou.
Autoridades de São Borja se mobilizaram, no mês passado, para que o Planalto assumisse o compromisso de transportar de volta o corpo de Brasília ao jazigo no interior do Rio Grande do Sul após o fim das análises.
Exumação e exames
A exumação e os exames envolverão familiares do presidente, técnicos da Polícia Federal e peritos argentinos e do Uruguai. Na Argentina também há uma investigação sobre o caso. A Cruz Vermelha dará apoio aos trabalhos.
A ministra diz ver uma "possibilidade muito clara" que o presidente tenha sido assassinado por forças da Operação Condor, a aliança entre ditaduras da América do Sul.
Entre os argumentos para essa tese, estão as evidências de que Jango havia sido monitorado no período em que estava afastado da política e vivia seu exílio na Argentina.
Fonte: Folha de S.Paulo