“Direitos humanos incomodam e geram reações”, afirma Rosa Cardoso

Publicado em 19 de setembro de 2013 às 09h55min

Tag(s): Direitos Humanos



Convidada para apresentar a conferência magna do III Seminário Internacional o Mundo dos Trabalhadores e Seus Arquivos, realizado pela Central Única dos Trabalhadores na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, a ex-coordenadora da Comissão Nacional da Verdade, Rosa Cardoso, vinculou os direitos à memória e à verdade, tema do seminário, ao Direito Internacional dos Direitos Humanos, contextualizando seu surgimento em várias normas e princípios surgidos após a Segunda Guerra Mundial.

Rosa, entretanto, não deteve a sua análise em diferentes normas da ONU, ou nas convenções de Genebra, demais pactos e comissões da verdade pré-existentes ou nas sentenças dos Tribunais Internacionais que dispõem sobre estes direitos.

Afirmando que a memória e a verdade são direitos políticos derivados da questão da Justiça de Transição, a coordenadora do grupo de trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical afirmou que estes são direitos humanos novos, classificando-os como uma parresía, uma verdade inconveniente, que não pode se calar.

"São direitos a falar o que inconveniente, perigoso, arriscado, que contestam a fala conformada, hipócrita, ambígua, obscura, que incomodam e geram reações, riscos de confrontos e retaliações, mas que constituem uma arguição do que não se pode calar", afirmou.

Convidada por Rosa Cardoso a compartilhar o espaço da conferência, a pesquisadora San Romanelli Assumpção, responsável pela pesquisa do GT Ditadura e Repressão aos Trabalhadores, atualizou os presentes sobre as atividades do GT, focados em 11 pontos estabelecidos pela CNV em conjunto com o coletivo sindical de apoio ao grupo, que tem participação direta da sociedade civil.

San fez um relato sobre os achados do GT, realizados com o apoio do coletivo e do Arquivo Nacional, nos acervos do Ministério do Trabalho, em Brasília, e apresentou as duas atividades nacionais do GT, audiências públicas no dia 1º de outubro, em São Paulo, sobre o Comando Geral dos Trabalhadores e o enfrentamento ao golpe de 1964, e, no dia 7 de outubro, sobre os 50 anos do Massacre de Ipatinga, em Minas Gerais.

Fonte: Comissão Nacional da Verdade

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