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Publicado em 09 de outubro de 2013 às 15h13min
Tag(s): Cultura
A presidenta da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ana Maria Machado, convidou nesta terça-feira (8) os participantes da Feira Internacional do Livro de Frankfurt 2013, na Alemanha, para conhecerem melhor a literatura brasileira e toda a sua diversidade.
“Há livros para todo gosto. Seguramente cada leitor saberá encontrar o seu. Provavelmente, mais de um se revelará atraente. Para isso, basta chegar perto, procurar ler, enfrentar o desafio de ir além da superfície e não se limitar apenas aos que nela flutuam, selecionando somente os que confirmam o que já se espera achar. Garanto que boas surpresas estão a sua espera”, disse na abertura do encontro.
A acadêmica alertou para não se buscar exotismo nos livros brasileiros. “Não venham procurar o exotismo e o pitoresco, nem a se dar por satisfeitos com a denúncia automática dos óbvios problemas , repetidoras de clichês. Procurem ir além da mera confirmação de estereótipos simplificadores. A literatura que se faz no Brasil tem muito mais a lhes oferecer em sua variedade de protótipos, sua inovação formal, sua inquietação, seus variados registros de diálogo irônico com o cânone em piscadelas literárias de todo tipo, das mais refinadas e sutis às mais divertidas e escrachadas paródias, pastiches, intertextualidades”, completou.
Ana Maria Machado destacou que os problemas brasileiros estão presentes nas obras de variados autores que, para ela, têm percepção aguda. “A sociedade e a política brasileira estão sempre rondando, por perto, por baixo do que se publica entre nós. Esse substrato político na escrita é uma das nossas marcas. Em seu conjunto, nossos livros levantam indagações, reflexões, diálogos críticos com o real, hipóteses do imaginário, a partir de fatos de nosso cotidiano e de sabores por eles despertados em cada um de nós”, analisou.
Delegação brasileira
A presidente da ABL disse que a delegação brasileira é composta por 70 escritores, que refletem um bom retrato instantâneo deste momento. Ela lembrou que o número elevado causou estranhamento e foi recebido com “ironias e críticas em certos círculos”, interpretado, segundo ela, como um gesto arrogante ou presunçoso.
“Como se qualquer país pudesse imaginar ter 70 grandes escritores a apresentar ao mundo ao mesmo tempo, mas proponho outra leitura, mais modesta e simpática. Não apenas por termos de considerar a escala gigantesca: afinal essa quantidade corresponde a um país continental, de 200 milhões de habitantes, com 8,5 milhões de quilômetros quadrados [quase 25 vezes o tamanho da Alemanha]. E há ainda outro aspecto. Creio que uma delegação como esta reflete também o pensamento oficial de uma política cultural que faz questão de apostar nas potencialidades, de se apoiar na máxima inclusão possível, de se caracterizar alegremente como uma celebração, uma grande festa, um acolhedor coração de mãe onde sempre cabe mais um”, disse.
A feira, que termina no domingo (13), faz homenagem ao Brasil. Os acadêmicos Nélida Piñon, Rosiska Darcy de Oliveira, Carlos Heitor Cony, João Ubaldo Ribeiro e José Murilo de Carvalho também participam do encontro.
Fonte: Agência Brasil