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Publicado em 04 de novembro de 2015 às 10h20min
Tag(s): Seminário
No aniversário de oito décadas do levante antifascista no Brasil, as Universidades Federais do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Rural do Semi-Árido (UFERSA) revisitam o episódio que contou com a primeira experiência de governo comunista, no Estado do Rio Grande do Norte. Entre os dias 18 e 21 de novembro, as cidades de Natal e Mossoró serão palco do “Seminário 80 anos da Insurreição Comunista de 1935”.
O evento contará com a presença da professora de história aposentada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Anita Leocádia Prestes, filha de Olga Benário e Luís Carlos Prestes, líder tenentista ingresso no Partido Comunista e que comandou o levante contra o governo de Getúlio Vargas. Nascida em 1936, no campo de concentração de Barninmstrasse, Anita fará, a exemplo de uma série de cidades do Brasil e do exterior, o lançamento da biografia política de seu pai, “Luís Carlos Prestes: um comunista brasileiro”.
Com a realização de mesas e apresentações de documentários, o Seminário pretende resgatar a história dessa mobilização, parte de um movimento amplo, a Aliança Nacional Libertadora, que buscava enfrentar o fascismo crescente em território brasileiro.
A expectativa é reunir professores, estudantes, pesquisadores e a sociedade norte-rio-grandense em torno das discussões sobre as lições e consequências dos levantes populares brasileiros de 1935.
O seminário conta com o apoio do ADURN-Sindicato, UERN/PROEX, PPGCS-UFRN, Fundação Maurício Grabois, PCdoB, PCB, PSTU, CPS-Conlutas, Mandato da Vereadora Amanda Gurgel, Secretaria de Cultura – PMM Instituto Caio Prado Jr., Conselho de Cultura do RN, Amigos da Pinacoteca.
O Movimento Comunista de 1935
Embora liderada pelos comunistas, a ALN conseguiu congregar os mais diversos setores da sociedade e rapidamente tornou-se um movimento de massas. Muitos militares, católicos, socialistas, sindicalistas, estudantes e liberais, contrários ao rumo do processo político iniciado em 1930, quando Getúlio Vargas, pela força das armas, assumiu a presidência da República, aderiram ao movimento.
Com sedes espalhadas em diversas cidades do país e contando com a adesão de milhares de simpatizantes, em julho de 1935, apenas alguns meses após sua criação, a ANL foi posta na ilegalidade. Ainda que a dificuldade para mobilizar adeptos tenha aumentado, mesmo na ilegalidade a ANL continuou realizando comícios e divulgando boletins contra o governo. Em agosto, a organização intensificou os preparativos para um movimento armado com o objetivo de derrubar Vargas do poder e instalar um governo popular chefiado por Luís Carlos Prestes. Iniciado com levantes militares em várias regiões, o movimento deveria contar com o apoio do operariado, que desencadearia greves em todo o território nacional.
O primeiro levante militar foi deflagrado no dia 23 de novembro de 1935, na cidade de Natal. No dia seguinte, outra sublevação militar ocorreu em Recife. No dia 27, a revolta eclodiu no Rio de Janeiro.
Experiência em Natal
Na capital do Estado do Rio Grande do Norte, no dia 23 de novembro de 1935, o movimento comunista vivenciou pela primeira vez na história a experiência de governo, após o levante militar ocorrido no 21º Batalhão do Exército.
Foram quatro dias sob o governo revolucionário, batizado de Comitê Popular Revolucionário. O sapateiro José Praxedes foi nomeado secretário do Abastecimento; o diretor do presídio de Natal, Lauro Lago, secretário do Interior e Justiça; o funcionário do Liceu Ateneu, João Galvão, secretário da Viação; o sargento Quintino de Barros, secretário da Defesa; e o tesoureiro dos correios, José Macedo, secretário das Finanças.
O governo recém formado providenciou a formação de três colunas de combatentes. A expectativa era de que a revolução pudesse ser estendida ao restante do Estado. A primeira coluna deveria seguir em direção a Mossoró; a segunda, até a divisa do Rio Grande do Norte com a Paraíba; e a última, para a cidade de Goianinha. Os revolucionários conseguiram ocupar, ainda, 17 dos 41 municípios do Estado, e entregaram quando possível o poder a figuras locais ligadas a Aliança Nacional Libertadora (ANL).
Em um gesto memorável, exatos três dias passados da tomada do poder, publicou o único jornal daquele governo. A liberdade, título do periódico, explicava o programa revolucionário: amplas liberdades democráticas, reforma agrária, incentivo à industrialização, trabalho para todos, aumento dos salários dos trabalhadores rurais e urbanos, democratização do ensino e da cultura, nacionalização de bancos e empresas estrangeiras, expulsão dos “imperialistas e seus lacaios” do país e não pagamento da dívida externa.
No dia 27 de novembro, o movimento foi derrotado. Cerca de mil pessoas foram indiciadas nos processos que trataram do levante potiguar de 1935. Com base nesses autos, é possível desvendar a composição social da insurreição. Em Natal, 45% dos indiciados eram militares, especialmente soldados, cabos e sargentos, mas nenhum oficial do Exército; 27%, operários, sobretudo estivadores; 11%, profissionais liberais; 11%, trabalhadores urbanos de condição modesta, como alfaiates, padeiros, barbeiros, sapateiros e comerciários. No interior, 24% dos indiciados eram trabalhadores rurais; outros 24% eram profissionais liberais; 16% eram trabalhadores urbanos; e 15%, operários.
José Praxedes de Andrade, sapateiro de profissão, que veio do Rio de Janeiro, de navio, com instruções de esperar o sinal do levante, que seria dado por Prestes. Escapou das mãos da repressão e viveu 49 anos de clandestinidade sob o nome de Eduardo Pereira da Silva. Nem sua mulher tinha conhecimento da sua identidade.
PROGRAMAÇÃO
ATIVIDADES/TEMA |
DATA/LOCAL |
HORÁRIO |
PALESTRANTES |
Conferência de abertura Revolucionários de 35 |
18/11 UFERSA/MOSSORÓ |
19h |
Marly Vianna (UFSC e professora do Mestrado em História da UNIVERSO/RJ) Coordenador: Daniel Pessoa (UFERSA) |
Mesa redonda A Insurreição de 1935 no RN |
18/11 Biblioteca Central Zila Mamede UFRN- Natal |
9hs |
Ivis Bezerra (Médico) Luiz Gonzaga Cortez (Jornalista) Homero Costa (UFRN) Coordenador: Felipe Nunes (Estudante de História UFRN) |
Exibição do Documentário Assalto ao Poder |
18/11 Biblioteca Central Zila Mamede UFRN- Natal |
15h |
Debatedor: Homero Costa Coordenador: Rômulo Dornelas (Mestrando do PPGCS da UFRN) |
Palestra O PCB no Nordeste e o levante de 1935 |
18/11 Biblioteca Central Zila Mamede UFRN - Natal |
19h |
Michel Zaidan (UFPE) Coordenador: Modesto Neto (Mestrando do PPGCS da UFRN) |
Mesa Redonda A Insurreição de 1935: um balanço histórico |
19/11 Biblioteca Central Zila Mamede UFRN - Natal |
9h |
Marly Viana (UFSC e professora do Mestrado em História da UNIVERSO/RJ) Carlos Zacarias - UFBA Coordenador: Fco Wellington Duarte - ADURN |
Exibição do Documentário Lua Nova no Penar - Sobre o líder comunista, desaparecido político, Hiram de Lima Pereira |
19/11 Biblioteca Central Zila Mamede UFRN- Natal |
15h |
Apresentação: Sacha Lídice Pereira (Filha de Hiram de Lima Pereira) Coordenador: Carlos von Sohsten |
Mesa Redonda A Insurreição de 1935: Um olhar historiográfico |
19/11 Biblioteca Central Zila Mamede UFRN - Natal |
19h |
Haroldo Carvalho (UFRN) Henrique Alonso (UFRN) Coordenador: Antônio Capistrano (ex-reitor da UERN) |
AUDIÊNCIA PUBLICA |
20/11 Câmara Municipal de Natal |
9h |
Anita Prestes e representantes de entidades e partidos |
Mesa Redonda A III Internacional e o PCB |
20/11 Biblioteca Central Zila Mamede UFRN - Natal |
15h |
Milton Pinheiro (UNEB e membro do Instituto Caio Prado) Mario Miranda Antº. Jr (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) Coordenadora: Juliana Magalhães (Mestranda do PPGCS da UFRN) |
Conferência de encerramento As lições do levante de 1935
|
20/11 Biblioteca Central Zila Mamede UFRN - Natal |
19h Apresentação Musical Joca Costa |
Anita Leocádia Prestes (UFF) Lançamento do Livro “Luis Carlos Prestes: um comunista brasileiro” Coordenador: Homero Costa (UFRN) |
Conferência de encerramento As lições do levante de 1935 |
21/11 Auditório da Estação das Artes Elizeu Ventania - Mossoró/RN |
19h |
Anita Leocádia Prestes (UFF) Lançamento do Livro “Luis Carlos Prestes: um comunista brasileiro” Coordenadora: Ana Lucas (Doutoranda do PPGCS) |
Com informações do livro "A Insurreição Comunista", de Homero Costa