Confronto na USP: Os desafios da democracia no Brasil

Publicado em 16 de junho de 2009 às 17h23min

Tag(s): Editorial



Nestes últimos dias a Universidade de São Paulo (USP) foi palco de eventos que deixam preocupados aqueles que defendem o avanço do processo democrático no Brasil. Pode até ser um evento isolado, fruto da luta acirrada que envolve o governo tucano de José Serra e as universidades estaduais paulistas. O confronto na USP não foi fruto, como dizem os meios de comunicação, de uma tresloucada invasão de baderneiros aos prédios da universidade e muito menos de “saudosistas revolucionários”, como disparou Roberto Pompeu de Toledo. O confronto precisa ser encarado como fruto de um processo em que a educação pública superior estadual de São Paulo vem sendo tratada de forma conservadora e reacionária pelo governador Serra.
Se é fato que as organizações de extrema-esquerda buscam sair do isolamento através de atos que envolvem conflitos, é também fato que elas não tem a força política para liderar eventos mais complexos. O “simplismo revolucionário” não as deixa a vontade quando a ação política exige a capacidade de articulação com todas as forças políticas. Por outro lado, a autorização para que a (reconhecidamente truculenta e despreparada) Polícia Militar paulista invadisse a USP e entrasse em confronto com estudantes, funcionários e PROFESSORES, demonstra o “compromisso” do governador Serra com os movimentos sociais e com as reivindicações da comunidade acadêmica universitária de São Paulo.
Todas as forças sociais progressistas e democráticas devem repudiar a ação da PM paulista e da forma de “negociação” que o governo daquele Estado conduziu o processo. Mas também é necessário uma urgente reflexão de como a luta política deve ser conduzida de maneira tal que a sociedade a apóie e isole os velhos e conhecidos reacionários, que estão sempre preparados para desqualificar quaisquer ação de massa, sob o epíteto de “baderna”.
A Diretoria da ADURN se solidariza com os professores, funcionários e estudantes da USP e condena de forma firme a ação truculenta e desproporcional da PM paulista, assim como a forma como o governador Serra lida com os problemas que emergem na sociedade.

ADURN Sindicato
84 3211 9236 [email protected]