Alerta sobre o risco de perda da autonomia universitária deu o tom de discussão sobre o FUTURE-SE, na UFPE

Publicado em 09 de agosto de 2019 às 16h23min

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Com o objetivo de esclarecer e discutir com a comunidade acadêmica o projeto “Future-se”, que visa reformular o modelo de gestão das universidades públicas federais, o ADUFEPE-Sindicato realizou nesta quinta-feira (08) o seminário “A Educação Superior em Debate: O ‘Future-se’ e a autonomia universitária”.

A atividade lotou o Auditório Paulo Rosas, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e contou com a participação do reitor da UFPE, Anísio Brasileiro; do ex-secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Amaro Lins; do presidente da ADUFEPE, Edeson Siqueira; do presidente do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica  (CONFIES) e diretor executivo da Fundação COPPETEC, Fernando Peregrino e da representante do Observatório do Conhecimento, Lígia Bahia.

Presente ao evento, o diretor de política sindical do ADURN-Sindicato e secretário do PROIFES-Federação, Oswaldo Negrão, destacou que o debate traz à luz o principal risco que tem esse projeto que é a perda da autonomia universitária. “Nesse sentido, a discussão foi muito qualificada e importante para que a comunidade acadêmica tenha noções e perspectivas sobre as ações que são propostas pelo Ministério da Educação”, afirmou.

Para o presidente do ADUFEPE-Sindicato, Edeson Siqueira, o momento é de fazer uma crítica propositiva, sem abrir mão da gratuidade e da responsabilidade do Estado no fomento à produção de conhecimento, ciência, tecnologia e inovação: “O governo não pode entregar aos interesses do capital a responsabilidade de financiar as IFES. A produção de conhecimento é responsabilidade do Estado, tendo em vista que que nossas universidades devem estar a serviço de um projeto de nação soberana”.

Para além da omissão do Estado, no que diz respeito à responsabilidade com as instituições de ensino federais, o professor Amaro Lins, alerta que “esse projeto se coloca como se estivesse refundando a universidade brasileira, desconhece a história dessa universidade e tudo aquilo que foi construído por ela ao longo dos anos”, afirmou. O docente defende que o ponto de partida para discutir o “Future-se” é o debate sobre que país nós queremos construir. De acordo com ele, a proposta apresentada pelo Governo não reflete a mesma visão trazida pela Constituição Cidadã de 1988, que coloca a educação como elemento central das políticas de desenvolvimento do país e garante, em seu artigo 207, a autonomia didática, administrativa e de gestão financeira das universidades.

A opinião do professor Amaro Lins sobre a questão da autonomia é compartilhada pelo presidente do CONFIES, Fernando Peregrino. Para ele, a autonomia universitária é gravemente ferida pelas Organizações Sociais propostas no “Future-se”, “O Cavalo de Tróia desse projeto chama-se Organização Social e montado nele vem o Contrato de Gestão”, disse. O reitor da UFPE, Anísio Brasileiro, apontou outros pontos negativos do “Future-se”, como a superficialidade nas informações acerca do projeto, a consideração apenas de um foco econômico para as universidades e o fato de o projeto desconsiderar os servidores técnicos administrativos.

Partindo da premissa de que a discussão precisa ser também propositiva, Pelegrino destacou três propostas de enfrentamento ao projeto: “A gente tem que enfrentar a discussão com o MEC e esclarecer a sociedade, mudar o que tem que ser mudado no Congresso e promover a união das entidades com independência de cada uma”, alertou.

A transmissão completa do evento está disponível na página do Facebook do ADURN-Sindicato, através do link: https://web.facebook.com/adufeperecife/videos/373867126610923/

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ADURN Sindicato
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