“Para a construção de um novo mundo precisamos voltar a formular perguntas”, alerta docente no III Encontro Nacional do GT Direitos Humanos do PROIFES

Publicado em 08 de novembro de 2019 às 12h39min

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A primeira mesa do III Encontro Nacional do GT de Direitos Humanos da PROIFES-Federação, realizada em Goiânia em parceria com o Adufg-Sindicato, foi direto ao ponto, tratando do tema principal do evento: os Direitos Humanos em tempos de crise da democracia.

A mesa foi conduzida pela professora Luciana Elias (Adufg-Sindicato), contou com a participação do ex-prefeito de Goiânia, professor Pedro Wilson, e trouxe fala do professor Ricardo Barbosa de Lima, do Núcleo de Direitos Humanos da UFG (NDH-UFG). Ricardo é sociólogo doutor em Desenvolvimento Sustentável pela UnB e professor associado da UFG. É pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Pós-Graduação em Direitos Humanos (PPGIDH/ NHH/ UFG). Seus interesses de pesquisa se concentram na teoria dos Direitos Humanos (violência), métodos de pesquisa e educação em Direitos Humanos.

“Esta mesa é muito significativa não apenas pelo Adufg, mas para a UFG, uma universidade afrontada por este governo que hoje impera”, disse Luciana.

“É sempre muito difícil falar em uma mesa com seu orientador”, brincou Ricardo, que foi aluno de Pedro Wilson, e questionou: “como provocar os colegas em relação a este tema?”.

“Acho que a palavra democracia permite a gente dar um passo atrás e pensar que crise democrática não pode estar contida no desastre eleitoral. Uma coisa é derrota eleitoral, não quer dizer que a democracia está em crise”, argumentou o professor.

A fala de Barbosa também levantou uma preocupação: estaria em crise a democracia ou os direitos humanos? “Talvez se invertermos para ‘em tempo de democracia, crise dos Direitos Humanos’”, disse.

Em sua fala, o professor destacou que no pós-guerra, foram estabelecidos os direitos humanos como garantia de justiça social, embora eles não tenham sido de fato garantidos, dando como exemplo a Constituição de 88, o Estatuto do Idoso e o da Criança e do Adolescente. Porém “em menos de 50 anos saímos de uma discussão conceitual dos Direitos Humanos para um diagnóstico de que há algo errado dito em nome dos Direitos Humanos, de uma ilusão jurídica, que em última instância, são vazios, quando vou para o mundo real, onde estão?”.

Ele disse que há uma desilusão do lugar dos Direitos Humanos e que o papel do pesquisador é voltar a fazer perguntas, provocou, pois a universidade estaria muito focada em militar e nas respostas, e não no questionamento e no debate.

“Deixamos de perguntar o que são direitos humanos, como eles funcionam e como ele também é apropriado não só por nós mas pela sociedade. Pulamos direto para as respostas, direitos humanos como respostas para uma série de questões. O analista só o é quando é capaz de fazer perguntas. Se eu deixar de perguntar”, disse.

“Nossas reuniões terminam com uma carta pedindo uma série de medidas para gerir, mitigar, aquilo que denunciamos no primeiro parágrafo. Saímos das perguntas e vamos direto para as respostas. Se a gente quiser provocar a construção de um novo mundo, precisamos voltar a formular perguntas”, finalizou.

Fonte: ADUFG-Sindicato

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