Entrevista com o Presidente da ADURN João Bosco Araújo

Publicado em 08 de outubro de 2009 às 11h19min

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Com o objetivo de informar aos associados sobre temas recentemente tratados com a Reitoria e a PROPLAN, João Bosco Araújo, Presidente da ADURN, concede entrevista e esclarece o posicionamento da atual diretoria da Associação com relação à avaliação docente realizada pelos discentes e à resolução 132 que regulamenta a carga horária docente.
QUAL A POSIÇÃO DA ADURN EM RELAÇÃO À AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOCENTE PELOS ESTUDANTES?
João Bosco Araújo: A atual diretoria da ADURN é absolutamente favorável à avaliação do desempenho dos professores em todas as áreas de seu exercício profissional – pesquisa, ensino e extensão – como forma de aperfeiçoar o exercício profissional e melhorar gradativamente a qualidade do ensino e da formação superior oferecida pela UFRN. Defendemos também que esta avaliação seja realizada também pelos estudantes, contudo exigimos que ocorra um amplo debate sobre vários tópicos do processo de avaliação e da própria metodologia, como forma de aperfeiçoar para evitar transtornos e injustiças. Não são poucos os decentes reconhecidamente sérios e competentes que estão sendo expostos a danos morais devido a irresponsabilidades dos “avaliadores” ou falhas da metodologia.
QUAL O OBJETIVO DA ADURN COM A AUDIÊNCIA QUE TEVE COM O REITOR?
João Bosco Araújo: A ADURN tratou de um conjunto de temas que dizem respeito ao trabalho docente. Levamos ao reitor a necessidade de realizar um debate mais substantivo no que se trata de novas resoluções, como é caso da resolução 132 que regulamenta a carga horária docente. Em relação à avaliação do professor realizada pelos estudantes – um dos itens da avaliação do desempenho profissional dos docentes – a ADURN foi solicitar ao Reitor da UFRN, apenas e tão somente, que este concordasse em realizar um amplo e qualificado debate com a “comunidade acadêmica” para o aperfeiçoamento da metodologia utilizada visando seu aprimoramento. Exigir que as normas e resoluções que constituem o desenho institucional da UFRN sejam debatidas antes de serem encaminhadas ao CONSEPE, é nosso dever e obrigação para com os professores e a própria universidade.
APÓS O ENCONTRO COM O REITOR, A ADURN SE REUNIU COM A PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO. OS ASSUNTOS ABORDADOS FORAM OS MESMOS?
João Bosco Araújo: Sim. No caso da Reunião com a PROPLAN, a ADURN foi convidada por João Emanuel Evangelista, Pró-reitor de Planejamento, e Luíz Seixas, Pró-Reitor Adjunto, para discutir a resolução 132. Aproveitamos para debater também sobre a resolução que trata da avaliação docente pelos discentes. Essa questão da avaliação dos estudantes é hoje a principal demanda que os professores reclamam junto à ADURN para que esta encaminhe um amplo debate e se corrija as atuais distorções. Além disso, os professores têm alegado à ADURN que a Comissão de Avaliação não parece disponível para incorporar sugestões já feitas anteriormente.

QUAIS FORAM AS POSIÇÕES ADOTADAS PELA REITORIA DA UNIVERSIDADE E PRO-REITORIA DE PLANEJAMENTO DIANTE DAS SOLICITAÇÕES DA ADURN?
João Bosco Araújo: O reitor concordou com nossas solicitações e sugeriu uma reunião da ADURN com a Comissão de Avaliação Docente. Tal postura significa que foi acatada a sugestão da ADURN para que se faça um debate qualificado sobre as nossas resoluções antes que estas sejam enviadas as instâncias deliberativas da UFRN. A mesma postura de apoio teve a pró-reitoria de planejamento. Ao solicitar que se amplie a discussão sobre a avaliação docente, a diretoria da ADURN está apenas cumprindo o papel para o qual foi eleita: representar os legítimos interesses dos docentes e defender o aperfeiçoamento institucional da UFRN.

EXISTEM CRÍTICAS À DIRETORIA DA ADURN POR ESTA PRIVILEGIAR A NEGOCIAÇÃO COM A REITORIA E PROCURAR SEMPRE PROPOR SOLUÇÕES PARA AS QUESTÕES DA AGENDA DA UFRN EM DETRIMENTO À ORGANIZAÇÃO DE PROTESTOS?
João Bosco Araújo: É possível. Essas críticas partem daqueles que alegam “não saber o que a ADURN solicitou à reitoria”. É a velha prática do “não li, mas não gostei”, do “não sei do que se trata, mas tenho uma opinião sobre o que aconteceu” ou mesmo do “não preciso ouvir as pessoas, pois já sei o que elas pensam e estão fazendo” e do “não existe evidência ou dado empírico, mas eu acuso” no jornal, no blog ou outro meio de comunicação. Partem também daqueles que, prisioneiros cognitivamente do fundamentalismo, criticam a ADURN por esta “não fazer enfrentamento ideológico com a reitoria”, não privilegiar o “protesto” e o “denuncismo”. Nossa diretoria se preocupa em responder a estes com trabalho e a condução responsável da ADURN. Não é demais lembrar que os diretores da ADURN não são liberados de suas tarefas acadêmicas, ou seja, não somos “sindicalistas profissionais” e estamos na ADURN porque temos compromisso com a conquista de direitos para nossa categoria e com a UFRN. Uma sinalização do reconhecimento de nosso trabalho é o número significativo de novas filiações à ADURN depois de muito tempo que isso não ocorria.
A DIRETORIA DA ADURN, AO SOLICITAR QUE SE FAÇA UM DEBATE QUALIFICADO SOBRE ESSE TEMA, PODERÁ MINIMIZAR A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DO ALUNO NA AVALIAÇÃO DOCENTE?
João Bosco Araújo: Não vejo de que forma o fato de reivindicar que haja um amplo debate e que a metodologia utilizada seja sempre avaliada e aprimorada “desqualifique” a importância dos estudantes como um dos itens da avaliação docente. A atual diretoria da ADURN “não joga água no moinho daqueles que querem desqualificar a avaliação feita pelos discentes”. Se existir na UFRN alguém que queira desqualificar esse tópico da avaliação docente – nós não temos conhecimento disso e não acusamos genericamente e de forma abstrata ninguém - não terá da atual diretoria da ADURN qualquer tipo de apoio. Nossa preocupação é aperfeiçoar a metodologia e realizar o debate para evitar injustiças, danos morais involuntários, e desconstruir o clima de animosidade que começa a se estabelecer entre professores e alunos.
VOLTANDO À AVALIAÇÃO DOCENTE PELOS DISCENTES, A ADURN ACREDITA QUE ESSE TIPO DE AVALIAÇÃO IMPACTA POSITIVAMENTE SOBRE ATIVIDADE DOS PROFESSORES?
João Bosco Araújo. A atual diretoria da ADURN concorda plenamente com o fato desse tipo de avaliação influenciar positivamente a atividade docente. Apenas – por avaliar que os estudantes, como todo ser humano, não são isentos de erros e paixões que podem contaminar o julgamento e que toda metodologia não é infalível – achamos que devemos discutir e aperfeiçoar o processo. Nossa audiência com o reitor foi motivada pela compreensão de que existem quesitos que merecem maior aprofundamento. O que desejamos é realizar um debate amplo e qualificado sobre a avaliação discente, preocupados que estamos em não aumentar o clima de animosidade que começa a se estabelecer entre professores e alunos – infelizmente um fato crescente na UFRN – facilmente percebido por aqueles que procuram inteirar-se da complexa vida universitária para além dos acontecimentos de seu departamento. Também não queremos ver profissionais competentes e comprometidos com a UFRN sendo expostos indevidamente por avaliadores que não foram seus alunos, e isso tem ocorrido com freqüência.
QUAL A PRINCIPAL RAZÃO PARA QUE ALGUNS PROFESSORES SE SINTAM AGREDIDOS EM SUA IMAGEM PROFISSIONAL E SURJA NESSE CONTEXTO UMA TENSÃO CRESCENTE NA RELAÇÃO PROFESSOR / ALUNO?
João Bosco Araújo. As tensões entre professores e alunos são de muitas ordens e não têm como causa única ou principal o tema que estamos tratando. Diz respeito às novas configurações no mundo moderno das relações entre pais e filhos, professores e alunos, entre outras. Quanto ao tema aqui tratado, vários profissionais, respeitados pelos seus pares em seus centros e departamentos, sabidamente comprometidos com a qualidade e consolidação da UFRN, estão recorrendo à justiça por se sentirem injustamente avaliados. Nossa posição é que devemos aperfeiçoar a metodologia e com isso aumentar a confiança no processo avaliativo, logo, a própria e necessária confiança que deve existir entre professores e alunos.
A POSIÇÃO DA ADURN SOBRE A AVALIAÇÃO REALIZADAS PELOS DISCENTES PODE ESTAR CONTAMINADA POR “DEFESA CORPORATIVA” DOS PROFESSORES?
João Bosco Araújo: Há sempre o “perigo” de contaminação corporativista – no sentido negativo deste termo - quando se trata de defender interesses de uma categoria, mas isso não é um pressuposto insuperável. A ADURN entende que essa discussão, como outras que visam aperfeiçoar os marcos regulatórios e as normas acadêmicas que disciplinam a vida universitária, não pode ser balizada por uma reação defensiva e corporativa. O que “nos guia” não parece coisa alguma com tal posição, basta acompanhar sem preconceitos nossas posições e atitudes em relação à agenda da UFRN. Uma rápida visita em nossa página, uma pequena vontade de omitir opiniões com base em nossas práticas e atitudes desautoriza qualquer receio que alguém possa ter em relação a essa questão. Ao contrário, somos acusados pelas velhas práticas sindicais de “pelegos” exatamente por nossa postura em não respaldar qualquer demanda apenas por ser emanada de algum setor da “categoria”.
A ADURN, ENTÃO, CONDENA QUALQUER DEFESA DE INTERESSES CORPORATIVOS?
João Bosco Araújo: Não. Tem um tipo de “defesa corporativa” que praticamos e não abrimos não dela: trata-se de reivindicar salários compatíveis com a importância social de nosso trabalho e as exigências – corretas – de nossa qualificação profissional, condições adequadas de trabalho, carreira docente que premie o mérito e a capacitação, ambiente de trabalho saudável e sem “assédio moral” de chefes, superiores e mesmo colegas que se sintam “superiores” aos outros. Também achamos que devemos defender nossos colegas aposentados diante de qualquer tentativa de solapar seus direitos de ter uma vida com dignidade numa idade que já enfrenta tantos desafios e preconceitos.

 

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