Em defesa das instituições que trouxeram o Brasil até aqui

Publicado em 05 de maio de 2020 às 10h40min

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No Brasil do século 21, ano 20, a comunidade acadêmica e científica tem que marchar para mostrar à sociedade brasileira que sem educação e sem conhecimento científico o País não vai a lugar nenhum. A proposta é da cientista Vanderlan Bolzani, que vê na Marcha Virtual pela Ciência a ocasião propícia para lutar pela manutenção das instituições que trouxeram o Brasil para o atual estágio de desenvolvimento científico e tecnológico.

Em sua sétima edição, a Marcha pela Ciência será virtual devido à necessidade de isolamento social. O evento será realizado nesta quinta-feira, 7 de maio, com atividades transmitidas pelas redes sociais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (@SBPCnet) no Facebook e no YouTube. O objetivo é chamar a atenção para a importância da ciência no enfrentamento da pandemia de covid-19 e de suas implicações sociais, econômicas e para a saúde das pessoas.

Premiada cientista brasileira, Vanderlan Bolzani desenvolve estudos na área da química e medicina de produtos naturais, com ênfase em substâncias bioativas. Professora titular do Instituto de Química de Araraquara da Universidade Estadual Paulista, ela também é presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) e conselheira da SBPC.

“Temos que marchar para salvar as instituições que foram baluarte desse país”, afirmou Bolzani, mencionando o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). “São estas instituições que há anos formam essa robustez que temos no país.”

Bolzani destacou ainda a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), base para o desenvolvimento do agronegócio que hoje sustenta quase metade das exportações. Para ela, a Marcha deveria lembrar das pessoas, os cientistas que fizeram estas instituições como a engenheira agrônoma Johanna Döbereiner, pioneira em biologia do solo e uma das mais citadas pela comunidade científica mundial.

Para a cientista, hoje mais do que nunca, o Brasil precisa de Ciência, Tecnologia e Inovação de ponta e excelência, o que requer maior envolvimento do governo na liberação dos recursos represados para a área e que ameaçam os avanços futuros.

Na visão dela, a Marcha Virtual pela Ciência carrega três princípios. Primeiro, a necessidade de levar os brasileiros a refletir que, por trás dos bens de consumo e do bem-estar das sociedades modernas, incluindo os avanços da medicina, há muito conhecimento científico. Segundo, a necessidade de comunicar a ciência, tarefa que deve envolver tanto os cientistas e pesquisadores quanto os profissionais da comunicação. Terceiro, a necessidade de transformar a CT&I em prioridade de Estado, independente dos governos de turno. “Tudo isso depende de uma sensibilidade política que nunca houve no Brasil”, critica.

Em sua avaliação, também é um momento para ouvir o alerta da pandemia do coronavírus para a necessidade de preservação ambiental. “Os grandes desmatamentos destroem o ecossistema, alterando o clima, o regime de chuvas, o equilíbrio da natureza. Ao desequilibrar a natureza, ela se rebela”, afirma Bolzani.

Por fim, ela frisa a necessidade de transformar pesquisa básica em inovação e em bens industriais que gerem desenvolvimento para a economia e bem-estar social. “Toda a ciência brasileira tem que estar unida, marchando por um país que almeja ser soberano”, alertou. “Uma nação que não se impõe no mundo com alta tecnologia, vai ser sempre dependente de outros”, disse.

Ao longo desta semana, a SBPC divulgará entrevistas, vídeos e depoimentos escritos de representantes das entidades científicas e acadêmicas, pesquisadores, estudantes e professores sobre temas de ciência, educação e saúde e convocando para a Marcha. Todos são convidados a participar dessa grande manifestação em defesa da vida, da ciência e do desenvolvimento sustentável do País!

Texto: Janes Rocha – Jornal da Ciência

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