A votação estará disponível na segunda-feira, 22/11, às 08h.
Olá professor (a), seja bem-vindo (a) ao ADURN-Sindicato! Sua chegada é muito importante para o fortalecimento do Sindicato.
Para se filiar é necessário realizar 2 passos:
Você deve imprimir e preencher Ficha de Sindicalização e Autorização de Débito (abaixo), assinar, digitalizar e nos devolver neste e-mail: [email protected].
Ficha de sindicalização Autorização de DébitoAutorizar o desconto no seu contracheque na sua área no SIGEPE e que é de 1% do seu VB (Vencimento Básico).
Tutorial do SIGEPEFicamos a disposição para qualquer esclarecimento.
ADURN-Sindicato
Publicado em 19 de outubro de 2020 às 16h45min
Tag(s): Ciência
Pesquisadores da UFRN, da UFSCar e da Unicamp identificaram microrganismo em 'dino zumbi' que sofria de osteomielite aguda, doença que até hoje afeta animais e também humanos.
Uma equipe de cientistas brasileiros encontrou, em uma descoberta inédita no mundo, um parasita sanguíneo preservado dentro dos ossos de um dinossauro. A pesquisa foi publicada na quinta-feira (15) na revista científica "Cretaceous Research".
Os pesquisadores – da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Unicamp – acharam o parasita nos ossos de um titanossauro (os dinos de pescoço comprido) que sofria com uma doença chamada osteomielite aguda, uma infecção óssea que até hoje atinge animais e humanos.
Antes da descoberta dos brasileiros, parasitas pré-históricos só haviam sido encontrados dentro de insetos preservados em âmbares ou em fezes fossilizadas – ou seja, nenhum dentro de um hospedeiro.
Como foi feita a descoberta?
Em 2017, enquanto fazia seu pós-doutorado, a cientista Aline Ghilardi, da UFRN, autora sênior da pesquisa, notou que um dos ossos dos dinossauros que estudava – que havia sido descoberto em São Paulo e que hoje é mantido em um laboratório da UFSCar – tinha caroços esponjosos.
A equipe resolveu, então, estudá-lo mais a fundo. No ano seguinte, o pesquisador Tito Aureliano, que fazia mestrado na Unicamp, decidiu estudar os ossos com um microscópio – e, depois, com uma tomografia, feita na Faculdade de Medicina da USP.
Depois, os cientistas fizeram uma biópsia do material – algo que ninguém nunca tinha feito antes – para ver o desenvolvimento da doença. (A maioria das pesquisas do tipo descreve as amostras a olho nu ou com uma radiografia simples – o máximo que fazem é uma tomografia, explica Tito Aureliano, que é o primeiro autor do estudo).
Foi aí que veio a surpresa.
A paleontóloga Fresia Ricardi-Branco, da Unicamp, detectou a presença de um microfóssil dentro dos canais vasculares do osso do dinossauro. Ao examiná-lo, Aureliano achou mais de dez microrganismos fossilizados.
Entrou em cena, então, a paleoparasitóloga Carolina Nascimento, da UFSCar, para analisar detalhadamente a amostra. Ela conseguiu achar mais de 70 microrganismos similares preservados dentro do osso do titanossauro, e determinou que eles eram algum tipo de parasita sanguíneo.
Os pesquisadores ainda não sabem, entretanto, se foram os parasitas que causaram a osteomielite. Isso porque eles encontraram, também, uma colônia de bactérias no fóssil.
"O máximo que a gente se atreveu a dizer é que é um parasita – um pouco maior do que os que são encontrados em âmbar – e que mais estudos são necessários", afirma.
A equipe trabalha nesses próximos resultados, que deverão ser publicados em breve.
Dino sentiu muita dor
O que os pesquisadores podem determinar, por enquanto, é que o titanossauro "sentiu dor – e muita dor – para morrer", diz Aureliano. "Ele estava apodrecendo vivo", afirma.
Em um vídeo em que explicam a pesquisa, Aureliano e Ghilardi dizem que, considerando como essa doença age em organismos atuais, o dinossauro deve ter sofrido muito até atingir o estado grave que eles viram – com a formação de feridas abertas expelindo pus pelas pernas, braços e corpo. "Neste fóssil recuperado, o estágio da doença estava tão agressivo que a gente apelidou esse espécime de 'Dino Zumbi'", diz Aureliano.
Eles conseguiram determinar também que, quando morreu, o titanossauro era idoso. Analisando as feridas, esclareceram como a inflamação evoluiu até a formação dos caroços e identificaram, até mesmo, o momento em que a ferida se abriu e foi colonizada por bactérias.
Reconstrução em 3D da tomografia (em azul e verde) permitiu aos cientistas enxergar que a lesão ia desde a parte mais interna do osso até a parte de fora — Foto: Tito Aureliano, Carolina S.I.Nascimento, Marcelo A.Fernandes, Fresia Ricardi-Branco, Aline M.Ghilardi. "Esses dados todos serão muito importantes para o avanço da compreensão da doença na medicina atual e no tratamento em humanos", afirma Ghilardi.
Os achados dos pesquisadores só foram possíveis graças a um processo chamado fosfatização, que garantiu uma "fossilização excepcional" ao dino.
"A fossilização é um processo muito destrutivo – é raro ter essa preservação excepcional, quando são preservadas partes moles. A química dentro do osso petrificou muito rápido os microrganismos", explica Aureliano.
A descoberta foi um conjunto de fatores certos na hora certa: os cientistas encontraram o titanossauro "certo" e que morreu "do jeito certo" – mantendo o grau de preservação alto necessário para exame no microscópio.
Contribuições
"Esse trabalho foi inovador pois uniu, pela primeira vez, os campos da histologia, patologia e parasitologia aplicados aos fósseis, o que abrirá novas possibilidades para a paleontologia de agora em diante", diz Ghilardi. "É, também, um exemplo de como a ciência de base pode acabar causando impacto na medicina moderna, contribuindo para a compreensão de doenças que até hoje acometem animais, inclusive a espécie humana", acrescenta.