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Publicado em 09 de janeiro de 2021 às 18h49min
Tag(s): Pandemia de coronavírus
O Brasil encerra a primeira semana de 2021 com possibilidades cada vez mais concretas para o início da campanha de vacinação contra o coronavírus. Na sexta-feira (8), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu dois pedidos de aprovação para uso emergencial de vacinas contra a covid-19. Tanto a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) quanto o Instituto Butantan entregaram os documentos sobre os estudos em parceria com esforços globais na busca pelo imunizante.
Na quinta-feira (7), o Butantan divulgou os resultados dos testes com a Coronavac no Brasil. Desenvolvida em parceria com o laboratório chinês SinoVac, a vacina foi aplicada em um grupo de profissionais da saúde voluntários. O imunizante alcançou 100% de sucesso na eliminação de casos graves, hospitalizações e mortes pela covid-19.
A instituição pública brasileira completa 120 anos em 2021, e é hoje um centro de pesquisa reconhecido mundialmente. No Butantan são fabricadas boa parte das vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Os resultados alcançados pela CoronaVac no Brasil e a possibilidade de produção do imunizante em território nacional, considerada essencial até mesmo pelo Ministério da Saúde, são fruto direto do investimento em pesquisa no Brasil.
Em participação no podcast A Covid-19 na Semana, a médica de família e comunidade Fernanda Americano Freitas Silva, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, afirma que há um peso simbólico no fato de a vacina chegar ao Brasil por meio de um instituto de pesquisa. “Essa notícia boa faz a gente refletir sobre o imaginário coletivo que está permeando o Brasil nesses últimos anos, e que desacredita e nega a ciência.”
A reflexão se estende aos cortes nas políticas de investimento em pesquisa. “Tudo isso somado ao subfinanciamento crônico do SUS, que foi agudizado desde o teto de 2016 [Emenda Constitucional 95, a chamada PEC do Teto dos Gastos]. Nesse contexto é importante a gente lembrar que a grande instituição que traz a vacina para o país é um instituto de pesquisa. Esse Instituto cresceu aos olhos do Brasil e do mundo, principalmente na área de saúde pública.”
Ainda na avaliação da médica, o Brasil está frente a uma chance de frear o avanço do coronavírus. “Visto que o Brasil também está atrasado em relação aos outros países e que a vacina do Butantan é a nossa grande chance de iniciar o controle da pandemia, tão esperado, eu vejo como algo para se comemorar e muito. Principalmente pelos dados de eficácia, que vão colaborar com a diminuição no número de mortes e na sobrecarga hospitalar e das UPAS [Unidades de Pronto Atendimento], que já apresentam um histórico pré-pandêmico de sobrecarga.”
Cenário se agrava
Na mesma semana em que o Brasil se viu um passo mais perto da imunização contra o coronavírus, os números de infectados e óbitos alcançaram marcos preocupantes. Entre entre segunda (4) e terça-feira (5), o total de óbitos chegou a 1.248. No dia seguinte, se manteve superior a mil. Na quinta-feira (7), o país superou a marca de 200 mil casos fatais da covid-19,
No mesmo dia em que o país ultrapassou a marca dos 200 mil óbitos, foi registrado também recorde absoluto de contaminações e casos fatais em 24 horas. O total oficial de novos infectados foi de 94.517. O patamar mais expressivo alcançado anteriormente era de cerca de 70 mil casos em um dia, na segunda semana de dezembro.
O número de mortes registradas em 24 horas chegou a 1.841. Até então, o recorde de óbitos em um dia no país havia ocorrido em 29 de julho, quando foram confirmados mais de 1.500 casos fatais da covid-19. Estados Unidos e Brasil são as duas únicas nações do mundo que já contabilizam mais de 200 mil mortos.
Superou 8 milhões. Foram necessários apenas 23 dias para um salto superior a 1 milhão de novos pacientes. Os números de óbitos desta semana já são os mais expressivos desde os registrados na última semana de agosto. Os novos pacientes chegam a quase 300 mil.
Fernanda Freitas ressalta que para baixar os números é necessário manter os esforços coletivos de prevenção, com foco no distanciamento social. Ela prevê um trabalho árduo para informar a população sobre a importância dessa manutenção e de buscar a imunização quando a vacina estiver disponível.
“Um dos privilégios que nós temos na atenção primária é um vínculo muito forte com o paciente. É uma relação de confiança. Eu acredito que um diálogo sem julgamento, acolhedor, baseado em evidência, pode ser um caminho para maior aderência. Essa confiança vai ser a nossa arma. Isso com alinhamento informativo nacional. Não adianta só a gente passara informação certa se não tiver esse alinhamento no Brasil inteiro”, finaliza a médica.
Fonte: Rede Brasil de Fato