Professor fala sobre avaliação docente feita por estudantes

Publicado em 03 de novembro de 2009 às 19h13min

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Para conseguir progressão de carreira, o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte deverá obter média igual ou superior a 7,0 na avaliação da docência feita pelo discente, de acordo com o artigo 14, inciso I de uma minuta de resolução feita pela Reitoria da UFRN.
Devido ao fato da diretoria da ADURN ter sido bastante questionada sobre os efeitos dessa avaliação docente na sala de aula e no trabalho do professor, a entidade sentiu necessidade de aprofundar uma discussão. No dia 30 de novembro, a ADURN esteve em uma audiência com o Reitor e, na ocasião, o assunto foi levado à pauta. E agora, a assessoria de comunicação da ADURN pediu a opinião do professor Lúcio Flávio de Sousa Moreira, do Departamento de Saúde Coletiva do CCS sobre o assunto.
ADURN - O senhor é contra esse sistema de avaliação?
Professor Lúcio Flávio - Não sou contra. Só acho que o processo não deve enfocar apenas isso. Deve abranger diversos aspectos, tanto individuais como institucionais. Sou um dos grandes defensores e entusiastas do sistema, mas acredito que seja necessário avaliar o docente globalmente, envolvendo ensino, pesquisa e extensão.
O senhor poderia citar alguma falha dessa avaliação?
Professor Lúcio Flávio - O sistema do SIGAA não aceita o cadastramento de sub-turmas, o que provoca equívocos que terminam fragilizando o processo. No internato de medicina, por exemplo, uma disciplina com 15 alunos e cinco professores é subdividida em grupos de três alunos por professor. Esses alunos realizam o internato - muitas vezes em cidades diferentes - tendo contato apenas com um dos cinco professores. Os estudantes vêem os cinco docentes concomitantemente em poucas oportunidades. Ou seja, desse processo resulta uma ‘falsa’ avaliação, tendo em vista que os alunos precisam avaliar para atender exigências burocráticas. Caso contrário, não conseguem se inscrever nas disciplinas do semestre seguinte. E é constrangedor para o docente ser avaliado por alunos que nunca tiveram aulas com o ele.
De que forma o docente fica ciente do resultado de sua avaliação?
Professor Lúcio Flávio - Esse erro metodológico do SIGAA tem levado o Reitor a encaminhar correspondência ao chefe do Departamento, ao diretor do Centro Acadêmico e ao docente, o que gera um consequente constrangimento para o professor, que, repito, está sendo avaliado por alunos com os quais não tem contato. A avaliação é importante, mas deve ser aperfeiçoada para evitar que problemas metodológicos venham contaminar o procedimento.
O que deve ser feito para evitar que problemas metodológicos contaminem o procedimento?
Professor Lúcio Flávio - Primeiramente, sugiro que a administração da UFRN determine imediatamente a exclusão desses dados do SIGAA, sob risco de incluir dados falsos no sistema, bem como que encaminhe um pedido de desculpas aos professores atingidos. Isso é o mínimo que pode, e deve ser exigido.
 

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