Cientistas responsáveis pelo sequenciamento do genoma do coronavírus defendem políticas para mulheres do setor

Publicado em 09 de março de 2021 às 09h54min

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A coordenadora da bancada feminina, deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), destacou combate à discriminação das mulheres no mercado de trabalho

Com o tema "Brasileiras em tempos de epidemias", a Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados abriu as comemorações pelo Dia Internacional da Mulher.

Durante o evento, que foi realizado de forma virtual, a epidemiologista Ester Sabino, uma das responsáveis pelo sequenciamento do genoma do novo coronavírus, afirmou que só se faz Ciência com muito investimento, e por muito tempo. Por isso, ressaltou o papel da Câmara dos Deputados nas decisões sobre esse apoio. "A Ciência pode dar a luz e indicar os caminhos a serem tomados, mas é a política que define como a gente vai responder a uma epidemia", disse.

A pesquisadora Jaqueline Goes de Jesus, que também integrou o grupo responsável pelo sequenciamento do genoma do novo coronavírus, criticou os cortes em bolsas de pesquisa que costumam afetar o início da carreira científica.

Ela afirmou que a maior parte dos pesquisadores são concursados como professores e não cientistas, e que a falta de uma carreira afeta majoritariamente as mulheres. "Pensando na maternidade, uma vez que não existe uma regulamentação dentro da área, também não existem direitos para essas mulheres. Por isso, muitas cientistas vivem com uma dúvida: desenvolvo minha vida pessoal ou minha carreira científica?"

A coordenadora da bancada feminina, deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), destacou que se, por um lado, as mulheres estão emancipadas e têm voz crescente, por outro, são vítimas de uma pesada discriminação na vida profissional. "Ocupam a maior parcela do mercado informal e recebem salário 30% inferior ao dos homens para a realização do mesmo trabalho. Ainda assim, elas têm maior escolaridade", lamentou a deputada.

Dorinha Seabra lembrou também que, mesmo com o avanço da representação feminina na Câmara dos Deputados em 2018, o Brasil ocupa o segundo pior lugar entre os países da América Latina. "Somente com a ampliação da participação democrática feminina poderemos tornar as legislações mais sensíveis a questões de gênero e raça", afirmou. Segundo ela, a reserva de cadeiras em todas as esferas legislativas do País é uma das lutas da bancada feminina.

Ela citou, ainda, propostas que tentam acabar com a violência contra as mulheres. "Quero dizer a todas as mulheres que não descansaremos na luta para que o Brasil seja um lugar seguro, justo, respeitoso e acolhedor para todas", finalizou.

Propostas
A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) lembrou que está pautada para a sessão desta terça-feira (9) no Plenário do Senado o PLS 398/18, que trata exatamente do estímulo à participação das mulheres na Ciência. Já a deputada Dorinha Rezende lembrou do PLP 135/20, relatado por ela, cujo artigo que impedia a realocação de recursos de Ciência e Tecnologia foi vetado pelo presidente da República.

Participações
As deputadas Erika Kokay (PT-DF), Samia Bomfim (Psol-SP), Tereza Nelma (PSDB-AL), Carmen Zanotto (Cidadania-SC) e Elcione Barbalho (MDB-PA) também participaram do evento.

Reportagem - Ana Luiza Chalub
Edição - Geórgia Moraes

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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