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Publicado em 26 de março de 2021 às 12h36min
Tag(s): Defesa da Educação Pública Opinião
Por algum tempo, hesitei em comentar esse assunto. Primeiramente, porque é muito desgastante abordar mais um descalabro de fascistinhas de plantão, muitos travestidos de jornalistas que querem só fazer “showzinho” para um pequeno séquito de leitores raivosos, tanto que parece ser melhor não dar visibilidade a esses casos e simplesmente ignorar. Em seguida, porque me senti contemplada pelas ótimas respostas dadas nas notas de repúdio que circularam, como as notas assinadas pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da UFRN e pelo Centro Acadêmico de Letras da UFRN.
Um elemento, afinal, me fez tomar a decisão de também me posicionar publicamente em relação ao texto “UFRN: um mestrado para o nada”, de Gustavo Negreiros, foi o filme “Enquanto a guerra durar” (no original, “Mientras dure la guerra”), produção de 2019 do diretor Alejandro Amenábar. Explico: o filme aborda o momento histórico em que as forças do General Franco tomam o poder e a presença nesse cenário do escritor Miguel de Unamuno, então reitor da Universidade de Salamanca, o qual, se a princípio teria apoiado o novo governo, depois se colocou veementemente contra o regime autoritário. Em uma cena emocionante, o escritor afirma: quem cala consente. E foi então que eu decidi também não me calar.
É bem típico de intolerantes se exultarem da própria estupidez. Com um tom pretensiosamente de humor (lembrando que humor implica raciocínio e uma manobra de inteligência, diferenciando-se do simples e rasteiro deboche), é exatamente se vangloriando da própria ignorância que começa o texto do referido Gustavo Negreiros (já conhecido por outros lamentáveis episódios, como o comentário machista proferido contra a ativista Greta Thunberg): sou tão ignorante que não consigo nem entender o que danado é o tema do mestrado: “Entre o sério e o cômico na fantasia distópica: uma análise das representações de herói corpo e sociedade em temporada dos ossos”. E, logo em seguida, prossegue em tom categórico de um “sabe-tudo”: Imagino que foi trabalhoso tirar do nada a coisa nenhuma.
Pois procure saber, moço, e não ficar imaginando, é o que penso logo em responder. Procure checar as fontes, como convém a um jornalista profissional que prime pela seriedade e pela competência. Aliás, é para isso que serve a Universidade em geral e as Ciências Humanas em particular: divulgar conhecimento, melhorar a vida das pessoas, transformar o mundo. A Universidade é uma ponte para tudo e me impressiona a arrogância de quem, estando fora dela, se crê autorizado a menosprezá-la. O problema é que, contra essa missão, há um inimigo poderoso a favor da truculência: as mídias sensacionalistas e mentirosas, bem como os blogueiros intolerantes.
Outro elemento que o referido desconhece é que a dissertação de mestrado de Rafael Oliveira da Silva, sob orientação da colega Profa. Dra. Maria da Penha Casado Alves (e aos dois rendo aqui meu apoio), aborda a obra literária, intitulada no Brasil como “Temporada dos ossos”, da autora inglesa Samantha Shannon. Sim, moço, literatura é o objeto de estudo que você classifica como “coisa nenhuma”. Mas, para quem ataca a Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade, é de se esperar também total ignorância sobre o que seja literatura e o valor que ela tem. Ou, como afirmou a também colega Profa. Dra. Sylvia Abbott Galvão, à ignorância somam-se o déficit cognitivo e o mau-caratismo – assim mesmo, tudo junto e misturado.
E por falar em literatura, volto à figura de Unamuno para encerrar este artigo que também é uma nota de repúdio: não é “o erro que mata a alma e sim a mentira”. O ditador Franco mentiu quando, ao tomar o poder em um golpe militar, alegou que seu governo temporário duraria só enquanto durasse a guerra. Durou, na verdade, até a década de 1970, à custa de muitos silenciamentos, perseguições e mortes.
Estejamos atent@s e não nos calemos!
Por Cellina Muniz
Fonte: Saiba Mais