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Publicado em 31 de março de 2021 às 09h41min
Tag(s): Paulo Freire
A nova edição do Jornal da Ciência celebra o centenário de nascimento do educador Paulo Freire que, mais que um pedagogo, foi um humanista que influenciou estudiosos e artistas por toda parte
Em Charlotsville, na Virgínia (EUA), o capixaba David Nemer, cientista da computação e professor do Departamento de Estudos de Mídia da Universidade de Virgínia, prepara o lançamento em português de seu livro “Tecnologia do Oprimido”. Em outro ponto do planeta, na capital mexicana, a artista plástica e pesquisadora Naomi Rincón Gallardo desenvolveu a obra Odisea Acotepec – Verbo Alienante (2014), que está em exposição na 34ª Bienal de São Paulo.
Ambos, Nemer e Gallardo, têm um ponto em comum: suas criações foram influenciadas pelas ideias de Paulo Freire. São dois exemplos de como o legado do educador, nascido há 100 anos no Recife (PE), transcendeu a educação, área na qual ele atuou boa parte da vida e na qual é mais conhecido. A influência de seu pensamento chega às artes, à cultura, ao cinema, à economia, às ciências exatas e à tecnologia.
“Paulo Freire nunca foi um pedagogo. Ele sempre foi um pensador do humano através da educação”, define Carlos Rodrigues Brandão, professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Brandão conviveu com Freire e é um grande conhecedor de sua obra. Em Pedagogia do Oprimido, afirma, a educação aparece como instrumento de ação para a libertação, tanto do oprimido em relação ao opressor, quanto do opressor frente à opressão.
“Para Paulo Freire, a educação é uma espécie de comunhão educando-educador, ambos aprendem, ambos ensinam”, descreve o professor Luiz Roberto Alves, da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), que também conviveu e trabalhou com Freire.
O pensamento freireano conquistou a comunidade acadêmica por toda parte. É o terceiro autor mais citado nas ciências sociais no mundo, mais que Michel Foucault e Karl Marx, segundo uma pesquisa feita em 2016 pelo professor da London School of Economics (LSE), Eliott Green.
Em seu país, no entanto, Paulo Freire não tem o reconhecimento que merece. Ao contrário, tem sido alvo de perseguições e ataques desde o começo de sua carreira até hoje, 24 anos após sua morte. Sua obra só se manteve viva no País pelo esforço de uma comunidade acadêmica, professores e discípulos resistentes que mantiveram viva a “atitude freireana”, explica o professor Luiz Roberto Alves.
A reportagem completa está na nova edição do Jornal da Ciência que é dedicada à educação em homenagem ao centenário de nascimento de Freire, trazendo um pouco mais da biografia e depoimentos de educadores e familiares. Traz também matérias sobre educação em diversas abordagens, apontando os enormes desafios criados pelos cortes orçamentários, a política de cotas e a pandemia do coronavírus.
Baixe a nova edição do JC e boa leitura!
Fonte: Janes Rocha – Jornal da Ciência