Inovação: Finep deve investir R$ 3 bilhões em 2010

Publicado em 11 de novembro de 2009 às 12h19min

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Thiago Velloso escreve para o "Valor Econômico":
O investimento em inovação no Brasil sempre foi visto como acessório ao negócio das empresas, mas essa mentalidade vem mudando nos últimos anos, em parte pelo engajamento governamental na indução e no financiamento de pesquisas, representado, em boa parte, pelas ações da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Encarregada da maioria das iniciativas federais no campo da inovação, a Finep, deve desembolsar em 2009, aproximadamente R$ 2 bilhões para projetos. Serão cerca de 1,2 bilhão para créditos ofertados com taxa de juros subsidiada, R$ 500 milhões em projetos subvencionados e mais R$ 60 milhões via fundos de investimento em capital de risco.
Com recursos captados, em sua maioria, dos chamados fundos setoriais que compõe o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e se alimentam dos impostos pagos às concessionárias de serviços públicos, a Finep possui uma fonte de recursos crescente, que pode atingir R$ 3 bilhões já no próximo ano. "Hoje, os repasses dos fundos setoriais para a ciência e tecnologia representa cerca de 70% do total aportado nos fundos setoriais. O presidente Lula prometeu a liberação de 100%, a partir de 2010, o que deve aumentar muito o nosso fôlego", afirma o diretor de inovação da Finep, Eduardo Costa.
Embasado nesses números, Costa garante que o período em que faltavam recursos para a inovação no Brasil ficou para trás. Hoje, segundo ele, há dinheiro disponível para qualquer tipo de empresa disposta a inovar. "A Finep financia projetos de empresas, nascentes, pequenas, médias e grandes, de diversas formas. E estamos interessados em ampliar nossa carteira ao máximo", diz.
As metas da instituição são ambiciosas. Hoje a Finep possui cerca de 2,5 mil empresas em sua carteira. O objetivo é saltar para 10 mil em cinco anos. Isso significaria ampliar os recursos totais empregados para cinco bilhões ao ano. "É importante o empresário se conscientizar de que haverá cada vez mais dinheiro para projetos inovadores e ele precisa se preparar para recebê-lo.
Para Costa, há a necessidade de que a Finep passe por uma reestruturação que permita agilidade, tanto na identificação de tendências de mercado, quanto na liberação de recursos. Um exemplo é a linha de subvenção, que opera por meio de parceiros regionais que gerenciam os recursos. Hoje, a liberação destes ocorre por meio de representantes instalados em Santa Catarina, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia. Em 2010, a Finep pretende ter representantes em São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
"É fundamental ampliar nossas parcerias para ganhar maior capilaridade", afirma Costa, dizendo que estas também devem ocorrer com maior frequência no mercado financeiro, onde os fundos de capital de risco são um alvo estratégico da instituição. Os fundos desse tipo - também conhecidos como venture capital e private equity - agregam muito valor às companhias, uma vez que participam da gestão da empresa.
Esse, segundo Costa, seria um "dinheiro mais inteligente", do que o liberado por uma linha de crédito tradicional. "Queremos aumentar a presença no mercado de capital de risco de forma relevante, uma vez que consideramos esse um veículo com grande potencial inovador. "Investimos R$ 160 milhões em 12 fundos, nos últimos 3 anos, e esperamos investir 200 milhões em 2010", revela o diretor da Finep, destacando que, além do aporte direto, a Finep trabalha captando recursos para essas carteiras junto à fundos de pensão e investidores institucionais.
"O número de empresas que desejam investir em inovação no Brasil é muito superior ao das que já investem, porque ainda há uma falta de qualificação da mão-de-obra. Em 2010 devemos dar início a um programa de formação de gestores, que vai contribuir na melhoria dos projetos", conclui, Costa.

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