Com “prazo de validade”, Governo quer desmantelar o país no menor tempo possível

Publicado em 01 de julho de 2021 às 10h26min

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O nosso sistema eleitoral determina que as eleições sejam realizadas a cada quatro anos. A medida proporciona a possibilidade de alternância no poder e é um dos pilares para a manutenção da nossa (ainda frágil) Democracia.

Alguns governos tentam promover um projeto de Estado que ultrapassa os limites da própria gestão, pensando no bem-estar da população e no futuro do país. Já outros, como o atual, de Jair Bolsonaro, que se encerra no final de 2022, não apresenta mais do que um projeto de poder com prazo de validade muito curto.

Por tudo o que demonstrou até agora, o atual governo chegou ao comando do país sem um projeto efetivo de governo, capaz de estabelecer, com metas reais, uma projeção para a construção de país mais desenvolvido, seja no âmbito econômico ou no social.

Pressa para quê?

Todas as decisões e ações tomadas indicam que a intenção dos membros do governo é liquidar com tudo o que conseguirem no menor tempo possível, antes que acabe a gestão.

Esse compromisso com determinados setores das elites ricas e poderosas tem, como contrapartida, a manutenção do apoio daqueles que mesmo conscientes da barbárie em andamento no país, ainda lucram com as decisões a ponto de se calarem, mesmo vendo o Brasil à beira do abismo.

É por isso que tentam, a todo o custo, privatizar estatais, mesmo que a venda represente prejuízos no presente e no futuro, com a venda de ativos muito abaixo do preço de mercado, especialmente de setores estratégicos, como o energético (coisa que nem os países de tradição mais liberal, como os Estados Unidos, fazem).

Por esse mesmo motivo, o governo corre para aprovar projetos que terão impactos perversos e duradouros, como a Reforma da Previdência (em 2019) e a Reforma Administrativa, em andamento no Congresso.

É óbvio que eles sabem que essas medidas são prejudiciais ao país e beneficiam apenas uma pequena parcela já privilegiada da sociedade, mas se lembrarmos que seus gestores são pessoas com absolutamente nenhuma contribuição positiva na história do Brasil, fica mais fácil entender quais as motivações envolvidas.

Interesses próprios

Bolsonaro teve uma vergonhosa carreira militar e ingressou cedo na política, onde permaneceu por três décadas fazendo aquilo que tem feito também durante seu mandato presidencial: nada de positivo. Apenas transitou dentro da velha política, trocando de partido inúmeras vezes e mudando de posição conforme a conveniência (poucos se lembram, mas ele era um apoiador entusiasta do falecido presidente venezuelano Hugo Chaves).

Além disso, inúmeras investigações estão sendo conduzidas para averiguar esquemas de “rachadinhas” de salários que ocorreriam nos gabinetes de Jair Bolsonaro (enquanto era deputado) e dos seus três filhos. Usando o poder conferido por seu cargo, o presidente interfere nas instituições que conduzem as apurações. Quando deixar o cargo, seu poder será reduzido e os riscos de as investigações avançarem serão muito maiores. O mesmo acontece em relação às apurações de crimes cometidos por membros do governo (antes e durante a gestão atual).

Já seu braço direito, Paulo Guedes, atual ministro da Economia, foi banqueiro por mais de 25 anos. Portanto, não é de se estranhar que quase todas as suas proposições priorizam a destinação do máximo possível de recursos para o sistema financeiro.

Um dos maiores exemplos são os montantes de recursos direcionados ao pagamento da tal “dívida pública” brasileira, mito criado para favorecer os bancos e os rentistas e que nunca foi auditada, enquanto segue crescendo; ou aos acordos que se desfazem do patrimônio brasileiro, em benefício dos próprios políticos, como é o caso do banco BTG-Pactual (que tem Guedes como um de seus fundadores), que comprou uma carteira de créditos do Banco do Brasil por pouco mais de R$ 300 milhões, em julho de 2020, apesar de ela estar avaliada em cerca de R$ 2,9 bilhões.

Não há um projeto para o desenvolvimento do país. Organizando a sua gestão a partir do medo, da intolerância e da violência, o governo Bolsonaro bate recordes de destruição ambiental, com danos duradouros à Amazônia e ao Pantanal, aumenta o índice de desemprego entre brasileiros (outro recorde), corta o orçamento da saúde e da educação e fomenta o maior nível de insegurança alimentar dos últimos anos, por exemplo.

Como essa lógica prejudica o ensino federal no Brasil?

O sucateamento progressivo que Bolsonaro e Guedes têm promovido nas universidades e institutos federais de educação tem o intuito de sufocar o pensamento crítico no Brasil.

Os recursos que seriam investidos para fortalecer a ciência e a educação, para garantir um futuro mais próspero às próximas gerações de brasileiros, estão sendo utilizados para fins que só beneficiam aos membros do governo e as elites que os rodeiam.

Em 2021, o governo reduziu ainda mais o orçamento das universidades e dos institutos federais, ampliando em 20% os cortes (cerca de R$ 1 bilhão) em relação ao ano anterior, restringindo ainda mais as políticas de assistência estudantil, fomento à pesquisa, projetos de extensão, e gerando insegurança quanto ao futuro das instituições.

Ao mesmo tempo, enquanto pesquisadores lutam contra a diminuição de bolsas da Capes e do CNPq, Bolsonaro quer destinar bolsas de pesquisa internacionais milionárias para militares, com orçamento que soma cerca de 300 mil dólares de custo por aluno, por ano (o equivalente a 1,6 milhão de reais anuais).

Além disso, avança no Congresso Federal a proposta de Reforma Administrativa PEC 32/2020, que pretende reduzir o papel do Estado entregando o máximo possível de serviços públicos à iniciativa privada.

Cientes de que o projeto facilitará o assédio à servidores, colocará em risco as carreiras de docentes e de outras categorias, promoverá e a corrupção e o aparelhamento de cargos públicos, seus apoiadores tentam liquidar com o Estado brasileiro, implementando um projeto que trará dano severos ao futuro do país.

O objetivo deles é seguir aprovando e promovendo ações como estas no espaço mais curto de tempo possível. Assim, em 2022, caso o atual governo não seja reeleito, Bolsonaro, Guedes e todos aqueles que conduzem esse projeto de poder terão se aproveitado e irão colher suas benesses por longo prazo, enquanto o Brasil lutará por décadas até se reconstituir de tamanha destruição.

Fonte: APUB-Sindicato

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