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Publicado em 12 de julho de 2021 às 09h49min
Tag(s): Educação básica Inep
Um questionário aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) entre fevereiro e maio de 2021, referente à segunda etapa do censo escolar de 2020, aponta que 99,3% das escolas brasileiras, públicas e privadas, suspenderam as atividades presenciais no ano passado, dentre as 168.739 (94%) que responderam ao questionário. Desse total, 97,2% (134.606) faz parte da rede pública e 83,2% (34.133) é da rede privada.
Pelo levantamento, 53% das escolas da rede pública mantiveram o calendário existente antes da pandemia, enquanto nas escolas privadas, esse índice chegou a 70%. Segundo o Inep, o objetivo da pesquisa é coletar informações sobre as estratégias adotadas pelas instituições de ensino para conclusão do ano letivo de 2020. Mas, para a professora do Departamento de Fundamentos e Políticas da Educação e do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a exposição dos poucos dados exige uma leitura mais profunda.
“Todo diagnóstico é importante e o papel do Inep é, justamente, o de fornecer dados, mas com uma mínima análise, afinal, ele é o Instituto de pesquisa do governo. Há momentos que ele junta tudo, rede privada e pública, e há outros em que separa. Só podemos subentender que há uma intencionalidade nisso e nós sabemos qual é: a pressão da rede privada por um retorno porque eles estavam perdendo muito dinheiro e precisavam manter funcionários, mas sem recursos, muitos foram até desligados. Isso aconteceu nas instituições públicas, imagine nas privadas”, avalia Erika Andrade.
A apresentação do Inep sobre o censo de 2020 também traz dados incompletos, como quando aponta que 90,1% das escolas concluiu o ano letivo de 2020 sem retomar as atividades presenciais, o que também aconteceu em 98,4% das unidades da rede federal; em 97,5% das escolas que fazem parte da rede municipal; em 85,9% das escolas da rede estadual e 70,9% da rede privada de ensino. O Instituto, no entanto, não quantifica a porcentagem atribuída às unidades de ensino. Um detalhe importante é que o Ministério da Educação não obriga a rede básica privada a alimentar dados no sistema do Governo Federal, o que não acontece no caso das escolas públicas, que precisam fazer o censo escolar para receber os recursos para a instituição de ensino. Também não foram divulgadas informações sobre o censo por municípios, nem por estrados.
No gráfico que traz o comparativo entre países levando em conta o tempo em que as escolas ficaram fechadas, o Brasil está de fora, o que torna inviável uma avaliação sob esse aspecto. Também não ficam claros quais critérios foram utilizados na definição dos países levados em consideração para construção do gráfico.
“Com isso, eles induzem a gente a pensar que o Brasil ficou com as escolas fechadas por mais tempo do que todo mundo, o que teria sido um erro. Isso, de fato, foi um erro, mas a questão é que as escolas foram fechadas porque decidiram abrir o comércio e serviços. Nesses outros países, se fez uma opção contrário de fechar comércio e abrir as escolas, que é o que a gente deveria ter feito. A escola é um ambiente muito mais controlado do que a rua e as crianças teriam sofrido menos. Outra coisa que eles não diferenciam é a educação para o ensino infantil, fundamental e médio. Quem mais sofreu foram os alunos da educação infantil, porque eles não suportam tanto tempo de exposição ao computador como as crianças maiores. Os dados do Inep também mostram que as federais nunca abriram, ficamos sem entender o porquê dessa comparação, já que no início de 2020, eles não fizeram nenhum diagnóstico com as escolas. Que tipo de argumento estão querendo construir com isso?”, questiona Erika Andrade.
O levantamento também mostra que a rede estadual, responsável pelos anos finais do ensino fundamental e pelo ensino médio, passou menos tempo ausente das aulas presenciais.
“Em junho de 2020 houve o argumento de que as crianças maiores podiam voltar porque não eram contaminadas tão fortemente. Na rede privada parece ter havido maior retorno, porque o Inep não diferencia o que é ensino infantil, fundamental e médio. Muito provavelmente, esse retorno ocorreu mais no ensino médio por causa da preocupação com o Enem. Esse é um nicho muito forte de recursos para a educação privada, não é apenas o ensino médio, mas toda aquela lógica de dar suporte de preparação para o Enem e, tudo isso, é dinheiro. O mesmo já não acontece com os estudantes da rede estadual, que têm mais dificuldade em pensar no Enem. Foi um período difícil para esse grupo porque são jovens trabalhadores e as famílias tiveram uma queda de renda muito grande. Eles, provavelmente, tiveram que ajudar!”, avalia a professora do Departamento de Fundamentos e Políticas da educação e do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)..
Apesar dos treinamentos realizados, na maioria dos estados, os professores não receberam qualquer auxílio financeiro para compra de equipamentos para melhorar a qualidade das aulas remotas. Mesmo assim, a grande dificuldade foi identificada entre os estudantes.
“Nosso problema maior é falta de equipamento e rede de acesso à internet entre os estudantes. Os professores tiveram que fazer uma gestão bastante complexa. Ao mesmo tempo em que eles estavam no ensino remoto via plataformas, também estavam via rede social, principalmente via whatsApp, produzindo material, indo para as escolas e se expondo para imprimir material para as crianças que não tinham acesso. Muitas vezes, fazendo isso com dinheiro do próprio bolso”, critica Erika, diante da falta de estrutura.
Apesar de ser um ponto de questionamento recorrente, o levantamento do Inep não traz qualquer dado referente à quantidade de horas trabalhada durante o ensino remoto.
“Os professores estão exaustos! Isso invadiu a intimidade deles. Imagine que a maior parte dos professores da rede básica é de mulheres que, pela nossa cultura, têm a sobrecarga da atividade doméstica e cuidado com os filhos. É uma tripla via de ensino com as plataformas, redes sociais e a produção de material para as crianças. Os professores se queixam que não têm mais horário para atender as pessoas, nem as crianças, nem os pais, porque se não atenderem no horário que eles chamam, eles se evadem e, muitas vezes, o horário que chamam o professor é o possível porque são pessoas que também trabalham e precisam se sustentar”, lamenta.
A constatação da professora da UFRN é a mesma do Coordenador Geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte (Sinte/ RN), Bruno Vital.
“Não temos mais horário para o trabalho dos professores, esse é que é o grande problema! Não há nem como medir o tempo de trabalho. Temos o momento das aulas síncronas (ao vivo), que é quando abrimos a sala de aula e participam aqueles estudantes que podem. Mas, depois desse momento, sempre ficam os alunos que não conseguiram acompanhar porque, às vezes, dependem do celular da mãe ou do pai que passa o dia no trabalho e só chega à noite em casa. Então, as atividades que estão no whatsapp, o aluno só vai acessar e fazer no horário que ele pode e o professor vai receber. Tem aluno que só consegue acesso nos finais de semana e o professor, com receio de que o estudante desista das aulas, recebe! O professor trabalha nos finais de semana, nos horários para os quais não foi contratado e, nesse meio tempo, a mãe ou pai também entra em contato para tirar dúvida sobre alguma atividade e o professor atende. Então, na verdade, não há mais horário delimitado de trabalho! Quando ele recebe alguma atividade, vai logo tentando organizar, até por medo de perder o arquivo, já que isso chega no celular dele!”, expõe Bruno Vidal, Coordenador Geral do Sinte/ RN.
E se a precarização do processo educativo já existente foi aprofundada com o ensino remoto, o desgaste provocado pelas insinuações de políticos alinhados com o Governo Federal, tornou a atividade ainda mais difícil.
“Além de tudo isso, ainda tivemos o desgaste político que o governo federal fez em relação aos professores. Para completar, a gente ainda vê um sujeito dizer num jornal que os professores não querem trabalhar porque estão há um ano e meio de férias. Embora não possamos mensurar, esse desgaste é muito grande porque, se antes tínhamos uma simpatia da população quando nos dizíamos professores em algum lugar, hoje temos uma reação antipática. Criou-se nas pessoas uma imagem de que os docentes foram os únicos que ficaram de braços cruzados e pernas pro ar na pandemia inteira! Por outro lado, a classe média começou a valorizar mais a escola e os professores, porque viu a falta que faz o espaço da escola para as crianças ficarem enquanto ela trabalha e faz suas coisas”, conclui Erika Andrade.
Fonte: Saiba Mais