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Publicado em 22 de julho de 2021 às 09h54min
Tag(s): Ciência
Em mesa-redonda promovida pela SBPC em parceria com o DWIH, especialistas brasileiros e alemães discutem o cerceamento da liberdade de pesquisa que vem atingindo vários países
Cada vez mais, cientistas estão sendo cerceados em seu trabalho – e não é só no Brasil. O Índice de Liberdade Acadêmica (AFi) de 2020, calculado pela Universidade Friedrich-Alexander, de Nuremberg, Alemanha, apontou que quase 80% da população mundial vive em países onde a liberdade acadêmica está sujeita a restrições. O AFi cobre 175 países e territórios em todo o mundo.
Essa situação impacta na cooperação internacional e coloca os responsáveis por programas de intercâmbio diante de novas questões, alertou Marcio Weickert, do Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH, na sigla em alemão), ao abrir ontem a mesa-redonda “Ciência, Liberdade e Democracia”. Parte integrante da programação da 73ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a mesa redonda foi promovida em parceria com a DWIH e reuniu especialistas brasileiros e alemães.
A socióloga Maria Filomena Gregori, professora da Universidade de Campinas (Unicamp) e coordenadora do Observatório Pesquisa, Ciência e Liberdade, da SBPC, disse que perseguições, desqualificações e obscurantismos em relação à ciência levam, por um lado, à necessidade de intensificar as denúncias de casos para que sejam evidenciados e não passem impunes. “Por outro lado, trazem a oportunidade de pensar a liberdade acadêmica e a autonomia para a produção científica do conhecimento, porque são defendidas pela Constituição. Não se trata apenas de seguir preceitos constitucionais de modo irrefletido, mas antes, um esforço articulado de deixar evidente os impactos para toda a sociedade e as novas gerações como ataques à liberdade”, declarou Gregori.
Para o antropólogo Otavio Velho, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e presidente de honra da SBPC, as ciências sociais têm sido alvo preferencial das perseguições no Brasil, assumidas pelos próprios membros do governo como “guerra cultural”.
“Os antropólogos sofrem essas dificuldades com um adicional pelo fato de serem identificados com as populações que estudam e tem como seus interlocutores. Isso tem consequências duras, sobretudo no caso das populações indígenas e quilombolas”, afirmou Velho, exemplificando com a luta pela demarcação das terras indígenas no Brasil, defendida por muitos antropólogos contra-ataques do governo.
Michael Quante, professor de filosofia da Universidade de Münster, defendeu que é preciso protestar contra a opressão do Estado contra os cientistas e as amarras ideológicas que cerceiam o desenvolvimento das ciências. “Há também amarras estruturais que são menos visíveis, mas são igualmente importantes”, acrescentou Quante, referindo-se a restrições econômico-financeiras.
“Se há uma ciência não estabelecida economicamente, que precisa ganhar dinheiro, candidatar-se a programas científicos, e isso ocorre em muitos lugares, pode acontecer que os programas de pesquisa vão ser direcionados não por interesse dos cientistas, mas arbitrados por interesses políticos, nem sempre justificáveis”. Quante citou como exemplo a vacinação contra a covid-19, na qual interesses econômicos muito influentes do setor impediram a publicação de alguns resultados de pesquisas.
O sociólogo Rudolf Stichweh, da Universidade de Bonn, fez uma análise da evolução histórica da liberdade de ciência e disse que o entendimento sobre a liberdade de pesquisa científica hoje não mudou muito em relação ao que era no fim do século 19, mas muitas vezes o termo liberdade foi substituído por autonomia. “É importante entender a diferença, quando falamos em autonomia falamos de regras criadas pelas instituições”, afirmou Stichweh.
Citando o sociólogo da ciência Robert K. Merton (1910-2003), Stichweh frisou que embora o sistema institucionalizado no qual a ciência está inserida seja entendido como independente, a ciência mesmo não pode ser vista como independente da sociedade. “Isso marca a diferença criada e institucionalizada no conceito de autonomia que até hoje baseia nossa liberdade de ciência.”
Assista à Mesa Redonda “Ciência, Liberdade e Democracia” na íntegra, no canal da SBPC no Youtube.
Fonte: Jornal da Ciência