De "Educação para Todos" a "Educação para poucos": o desinvestimento

Publicado em 13 de agosto de 2021 às 09h47min

Tag(s): Educação



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Não é novidade que o Governo Bolsonaro tem em sua mira o desmonte da Educação. Desde o seu primeiro ministro, Vélez Rodrigues, é possível perceber uma administração elitista da pasta, escancarada quando o então ministro declarou que o ensino superior deveria ser reservado a uma elite intelectual. Nesta semana o padrão foi reforçado. O da vez, Milton Ribeiro, afirmou na segunda (9) em entrevista à TV Brasil, que as universidades devem ser “para poucos” e justificou sua fala comentando que existem muitos engenheiros dirigindo aplicativos.

O desinvestimento em estruturas que possam eventualmente minar a gestão de Bolsonaro é parte de seu projeto de governo e é mais responsável pela doutoranda que virou entregadora por falta de perspectivas do que a natureza da Educação, como quer o ministro . Nada mais claro que o desligamento gradual de estruturas como o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Anísio Teixeira), a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Estruturas de renome que bancam pesquisas, sistemas que se retroalimentam pois ampliam o acesso à informação e a pressupostos de novas pesquisas, que resolvem crises importantes como a epidemia de zika vírus por exemplo. Em pouquíssimo tempo, o governo vem desmontando uma ampla estrutura capilarizada de incentivo à produção de conhecimento de 70 anos.

Dados da National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos, mostram o avanço da ciência num espaço de 10 anos. Em 2008, eram 35.490 publicações. Em 2018, 60.148 artigos foram publicados. Em uma década, o Brasil teve um salto de 69,4% no índice de publicações científicas. Atualmente, porém, o jogo virou. Apesar de o investimento no Ministério da Ciência e Tecnologia ser aparentemente mais alto, com aumento de 6,2% em 2020, a realidade é que, em comparação com 2019, os recursos da Capes foram reduzidos 30%. O CNPq teve a taxa de fomento a pesquisas com 80% de corte. Este seria um recurso destinado a insumos e equipamentos. Os dados são da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ainda de acordo com este levantamento, em 2019, o Brasil perdeu 17.892 bolsas de pesquisa, devido ao contingenciamento de recursos. (Leia mais aqui).

O ar sofisticado de Educação Superior em que acredita o ministro dá escopo a um fenômeno grave chamado ultimamente de fuga de cérebros do Brasil. É a debandada de pesquisadores de renome para outros países pois em solo nacional não há mais como fazer pesquisa e a produção de conhecimento vem sendo cada vez mais sabotada.

Mas não é só de desvalorização da educação superior pública federal que vive este governo. Sob a tutela de Ribeiro, o MEC entregou um ensino básico com menor investimento em dez anos – com inflação, com tudo. Em 2020, o Ministério dispunha de um orçamento de R$ 48,2 bilhões para esse fim – 10,2% menor que em 2019, e menor desde 2010. Efetivamente, o que foi pago à pasta foi um valor de R$ 32,5 bilhões. Os dados são do SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal).

É este contexto de desmantelamento da Educação, da Ciência e da Tecnologia brasileiras reforçado em grande escala pelo atual governo federal, que dá voz ao determinismo desonesto do pastor. É aqui que o engenheiro sem perspectivas se torna motorista de aplicativo.

Fonte: Sindiedutec

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