Próximo ato contra Bolsonaro convocado pela esquerda deve ocorrer após fim da CPI da Covid

Publicado em 13 de setembro de 2021 às 09h38min

Tag(s): Manifestação



Mobilização ganharia força com relatório, que deve imputar crime de responsabilidade ao presidente na gestão da pandemia

“O esforço maior da esquerda é tentar fazer uma agenda permanente de ocupação das ruas do país", afirma João Paulo Rodrigues - Evaristo Sa / AFP

Partidos e movimentos populares de esquerda aguardam a definição da data de entrega do relatório final da CPI da Pandemia para marcar a próxima manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Dessa forma, a pressão sobre o mandatário seria ainda maior e forçaria o Congresso Nacional a avançar no impeachment.

O relatório da CPI deve ser divulgado até 30 de setembro. Portanto, a manifestação contra Bolsonaro pode ocorrer no final de semana dos dias 2 e 3 de outubro, quando o descontentamento com o presidente da República deve aumentar, com a notícia de seu indiciamento.

“O esforço maior da esquerda é tentar fazer uma agenda permanente de ocupação das ruas do país. Nós ainda não batemos o martelo se será o dia 2 ou 3, porque depende dos partidos de oposição; indicamos o dia 2, que é justamente pós o relatório da CPI, que pode ser uma manifestação que sinalizará ao governo os problemas sociais que vive nosso povo”, afirma João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Pandemia, em entrevista ao Brasil de Fato, o texto final deve imputar crime de responsabilidade ao presidente por conta da gestão da crise gerada pelo coronavírus. Bolsonaro pode ser indiciado, segundo o parlamentar, por charlatanismo, curanderismo e propaganda enganosa.

Para além do relatório, Rodrigues enumera outras pautas, que devem aparecer nos atos. “Vamos trabalhar nas próximas mobilizações, o preço da luz, do combustível, do gás, o preço dos alimentos e a fome. É importante manter o Fora Bolsonaro na linha de frente, mas tem que estar combinado com os problemas do nosso povo.”

A sugestão da data mencionada pelo dirigente do MST já aparecia na nota divulgada pela Campanha Nacional Fora Bolsonaro, na última sexta-feira (10). “Em sintonia com os partidos de oposição que se reuniram e apontaram a construção de mobilizações para o início do mês de outubro, indicamos o dia 2 de outubro como data da próxima mobilização por Fora Bolsonaro e Impeachment já.”

Confira a nota na íntegra

"A Coordenação da Campanha Fora Bolsonaro, reunida nesta sexta-feira (10), avaliou positivamente as manifestações realizadas conjuntamente com o 27o Grito dos Excluídos no último dia 7 de setembro; denuncia a escalada golpista de Jair Bolsonaro, a conivência do Presidente da Câmara dos Deputados e reafirma a continuidade da luta pelo fim imediato deste governo criminoso, indicando o dia 2 de outubro como data da próxima mobilização por Fora Bolsonaro e Impeachment Já!

Saudamos as cerca de 300 mil pessoas que, em mais de 200 cidades, atenderam ao chamado conjunto da Campanha Fora Bolsonaro e do 27o Grito dos Excluídos e foram às ruas na última terça-feira, 7 de setembro, em luta por participação popular, democracia, saúde, comida, moradia, trabalho, renda e Fora Bolsonaro Já! Nas redes sociais foram majoritárias as interações contrárias ao governo e ao discurso golpista, em especial através das hashtags #ForaBolsonaro e #7SForaBolsonaro.

Sem ódio, sem medo e com muita garra, fizemos mais um importante dia de luta. Levamos a todo o país a denúncia dos problemas mais urgentes do povo brasileiro e nossa luta em defesa da vida e da democracia. Nos manifestamos por empregos, vacina, contra a fome, o racismo, a violência e a alta geral nos preços de alimentos, energia e combustíveis através de atos que ocorreram com tranquilidade e segurança, demonstrando o acerto político da campanha no engajamento nesse tradicional dia de luta, mesmo coincidindo com as manifestações antidemocráticas convocadas pelo bolsonarismo.

Jair Bolsonaro renovou no dia 7 de setembro seu repertório golpista e criminoso de ataque à democracia e às instituições. Desesperado para manter-se no poder e fugir da responsabilidade por seus crimes e de seus familiares, procura culpados para sua própria incompetência e para os problemas urgentes que não tem capacidade nem deseja enfrentar, como o desemprego, a inflação e a volta da fome. Nesse movimento tem contado com a vergonhosa conivência do Procurador Geral da República, Augusto Aras e com a inércia do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), que ignora mais de uma centena de pedidos de impeachment.

A continuidade deste governo genocida e de seu projeto autoritário de destruição do país e das conquistas da classe trabalhadora cobra reação imediata de toda a sociedade comprometida com os direitos sociais, com a soberania nacional e com os valores democráticos. Nesse sentido, saudamos todas as mobilizações e iniciativas que venham a somar forças na luta pelo fim imediato do governo Bolsonaro, mas não organizamos ou convocamos as manifestações anunciadas para o próximo domingo, 12 de setembro. As organizações que constroem a campanha, no entanto, têm autonomia para decidir participar ou não destes atos.

O Brasil é maior e melhor que o Bolsonaro e que as poderosas forças econômicas e políticas que permanecem sustentando seu governo criminoso. Conclamamos todos os movimentos, organizações, ativistas e a população brasileira a somar-se na pressão pelo fim deste governo e na luta que unifica a todos nós: #ForaBolsonaro, Impeachment Já!

Indicamos o sábado, 2 de outubro, como data da nossa próxima mobilização e referência para o diálogo com o conjunto de partidos e setores da oposição defensores da democracia e que reconhecem a conduta criminosa do Presidente da República."

Redação: Igor Carvalho

Edição: Mauro Ramos

Fonte: Brasil de Fato
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