O ataque aos sindicatos serve a um propósito: acabar com direitos. Como enfrentar isso?

Publicado em 16 de setembro de 2021 às 09h36min

Tag(s): Movimento Sindical



Desde as primeiras relações contratuais até as dos nossos dias, sempre houve um desequilíbrio entre o poder dos empregadores e as necessidades dos trabalhadores, tanto no setor privado como no público.

E foi para compensar essa desigualdade e defender os interesses e direitos da classe trabalhadora que os primeiros sindicatos foram criados.

De lá para cá, muitos avanços ocorreram. Todavia, isso não diminuiu o trabalho das entidades. Pelo contrário: seguem fundamentais à construção de uma sociedade justa e democrática, atuando pela expansão dos direitos coletivos e individuais da classe trabalhadora.

“Certo. Mas, o que eu tenho a ver com isso?”, você pode estar se perguntando.

Você já reparou o quanto as elites (financeira, política, econômica e social) e a velha mídia se empenham em nosso país para acabar com os sindicatos?

Já notou o quanto suas ofensivas aumentaram nos últimos anos?

Você já se deu conta que todo esse esforço vem se transformando em medidas contrárias aos direitos da classe trabalhadora, como a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência, a terceirização irrestrita de todas as atividades das empresas (inclusive no setor público, como pretende a Reforma Administrativa), e muitos outros estragos?

Pois então, no plano de fundo de tudo isso está o enfraquecimento de sindicatos, federações e centrais sindicais para facilitar a destruição dos direitos.

E, para nós que trabalhamos na Educação, a fragilização de nossas carreiras gera consequências ainda mais drásticas: o futuro de toda sociedade é comprometido.

Nas próximas linhas, veja como a ofensiva das elites está ganhando força contra nós, e o que devemos fazer para barrar esse projeto de desigualdade e exploração social.

Por que querem destruir os direitos dos trabalhadores?

Basicamente, as elites e o empresariado querem uma sociedade organizada apenas em função das vontades deles.

Se para essa parcela privilegiada da população as coisas já estão boas, eles querem ainda mais, mesmo que tenham que tirar de quem tem menos.

Quer um exemplo? As aprovações da Reforma Trabalhista (2017) e da Reforma da Previdência (2019) ocorreram amparadas por discursos baseados em dados distorcidos, sem reflexo na realidade. Apenas no desejo de redução de direitos.

Um misto de egoísmo e crueldade, típico das nossas elites, consideradas uma das piores e mais mesquinhas do planeta, segundo o estudo denominado Índice de Qualidade das Elites (EQx).

Tirando os movimentos sindicais do caminho (nem que para isso precisem patrocinar ondas de difamação, mentiras e boatos, por exemplo), os inimigos da classe trabalhadora deslegitimam a luta, confundem a população, perpetuam desigualdades e injustiças sociais e, consequentemente, lucram mais.

Isso não é novo, desde o início do movimento sindical, as camadas mais ricas usam seus fartos recursos nessa cruzada. Mas, mesmo assim, não conseguiram acabar com a organização dos trabalhadores no Brasil.

Por isso, eles estão adotando outras estratégias, como fragilizar as relações trabalhistas para reduzir a oferta de empregos formais e, consequentemente, manter as pessoas isoladas e sem representação sindical. Dessa forma, dificultam a luta coletiva e enfraquecem a capacidade de resistência dos trabalhadores para, em seguida, retirar ainda mais direitos.   

É por isso que há, hoje em dia, muitos incentivos para que as pessoas se tornem “empreendedoras”, sob a falsa promessa de que basta esforço para alcançar o “sucesso”. O termo, inclusive, soa como um eufemismo, já que muitas vezes se aplica a quem está trabalhando na informalidade.

Com essas mesmas intenções, o governo Bolsonaro tenta aprovar o Congresso uma mini Reforma Trabalhista (MP 1045) para reduzir ainda mais direitos e “institucionalizar” o trabalho informal.

E isso já está acontecendo

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad Contínua), realizada em 2018, o índice de sindicalização caiu 21,7% (2,9 milhões de profissionais) desde a Reforma Trabalhista, considerando todas as categorias e atividades.

A taxa de sindicalização foi a menor desde 2012 (16,1%), e ficou em 12,5%. Porém, quem mais se sindicalizou no período foram os trabalhadores com nível superior completo (20,3%), e quanto maior o nível de instrução, maior era a taxa.

Dentre todos os grupamentos, o dos profissionais do setor público foi o com maior sindicalização (25,7%). Contudo, as áreas de Administração Pública, Defesa e Seguridade Social, Educação, Saúde e Serviços Sociais tiveram a maior queda anual histórica, ficando em 18,4%.

O Nordeste foi a região com maior percentual geral de sindicalização (12,8%), e passou a liderar o índice a partir de 2018.

Historicamente, a APUB tem um índice de sindicalização bem acima da média e, por isso, temos conseguido construir as lutas em defesa da nossa categoria, dentro e fora das instituições nas quais representamos docentes federais.

O que esses dados nos mostram?

Há uma relação direta entre o enfraquecimento das entidades sindicais e a perda de direitos.

Sem entidades sindicais para lutar por direitos, será muito mais difícil construir um futuro mais democrático, representativo, inclusivo e participativo.

Mas, como você viu nos dados, nossa região Nordeste segue resistindo a essa apatia.

Acreditamos que podemos avançar ainda mais e, por isso, convidamos você a se unir à APUB para construirmos juntos essa linha de resistência e de enfrentamento.

A defesa dos nossos direitos e da universidade federal exige união de forças e construção de estratégias coletivas contra o aprofundamento da intervenção na autonomia universitária e outros retrocessos.

Nossa universidade sempre foi lugar de resistência. Mas, se não nos posicionarmos de forma organizada, não conseguiremos despertar esse sentimento coletivo em nossa sociedade.

Somente em unidade seremos guardiões do nosso futuro.

Pense nisso, e clique aqui para saber como você pode nos ajudar nessa causa.

Fonte: APUB

ADURN Sindicato
84 3211 9236 [email protected]