Em mesa do Centenário Paulo Freire, enfermeira defende prática em saúde com “acolhimento e vínculo”

Publicado em 20 de setembro de 2021 às 11h10min

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Dando início ao último dia do evento “Centenário Paulo Freire: contribuições para a formação nos cursos da área da Saúde'', foi realizada na manhã desta sexta-feira (17) a conferência “Pedagogia da autonomia e os saberes necessários para um profissional de saúde”, ministrada pela enfermeira e professora aposentada da Universidade Federal de Santa Catarina, doutora Marta Lenise do Prado.

“Freireana convicta”, como se definiu, Marta afirmou que sua trajetória tem sido acompanhada pelas ideias de Freire. Para ela, a conjuntura atual exige retomar o pensamento do educador pernambucano, que “nos move e nos faz acreditar em novos tempos”.

Na exposição, Prado defendeu a educação como um processo de humanização e de "caráter problematizador, o que se dá por meio do diálogo”, num “encontro com o outro para cuidar/educar”. “No pensamento de Freire, o diálogo é conceito-chave e estruturante de toda aprendizagem. Diálogo para Freire é o modo com que os homens se relacionam e leem o mundo. Diálogo genuíno, horizontal, no qual os homens aprendem uns com os outros, falando e ouvindo”, afirmou.

“Esse compartilhar com o outro, numa postura de respeito, enriquece as experiências pedagógicas e laborais, e também desafia nos docentes e demais profissionais a provocarem a curiosidade, a desfrutá-la e compartilhá-la para não cair na simples e ingênua transmissão de conhecimento unilateral e/ou robotização de suas atividades”, disse Prado.

A docente lembrou ainda dos círculos de cultura, ideia desenvolvida por Freire para promover maior integração nas salas de aula. Segundo ela, é preciso abandonar a pirâmide nas relações do cotidiano do trabalho. Com isso, se superam formas hierarquizadas de educação e cuidado em saúde para assumir o círculo, um “espaço dialógico, democrático, solidário”.

Marta reivindicou uma das ideias centrais do educador, a da educação como ato político. “A educação muda as pessoas para que as pessoas transformem o mundo. Mas ninguém muda o mundo sozinho”, apontou. “É preciso estar junto, construir parcerias, trabalhar em construção”, continuou.

Segundo a doutora, a prática em saúde precisa ser com acolhimento e vínculo. “Se pensarmos nossas relações profissionais, quase sempre consistem em encontros efêmeros, de pura teoria ou técnica, sem envolvimento ou corresponsabilização. A nossa prática em saúde, para ser efetiva, necessita mais do que isso: precisamos estar conectados, próximos e olharmos juntos para o contexto”, afirmou.

A mesa de Marta do Prado, assim como as demais conferências do evento, podem ser assistidas na íntegra no canal do YouTube do ADURN-Sindicato.

Assista a íntegra da conferência "Pedagogia da autonomia e os saberes necessários para um profissional de saúde" no vídeo abaixo:

 

ADURN Sindicato
84 3211 9236 [email protected]