Debate sobre a Pedagogia do Oprimido e sua relação com a equidade em saúde é tema de encerramento do Centenário Paulo Freire

Publicado em 20 de setembro de 2021 às 11h17min

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Em homenagem ao centenário do educador brasileiro Paulo Freire, o Departamento de Odontologia da UFRN promoveu, entre os dias 15 e 17 de setembro, o evento “Centenário Paulo Freire: contribuições para a formação nos cursos da área da Saúde''. O professor Eymard Vasconcelos, da Universidade Federal da Paraíba, foi o convidado para a última conferência do evento, intitulada "A Pedagogia do Oprimido e sua relação com a equidade em saúde”. 

Eymard iniciou sua exposição condenando o pouco conhecimento do público sobre o trabalho de Paulo Freire, para ele isso “gera uma polarização em torno do pedagogo”. Segundo o professor Eymard, o patrono da educação brasileira vem sendo utilizado como “uma estratégia de enfrentamento político e isso empobrece o pensamento freiriano, tornando o educador uma caricatura”.

Eymard também chamou a atenção para a importância do resgate da educação popular sistematizada por Freire. “Esse resgate de Paulo Freire é muito importante, porque ele tem uma perspectiva muito inclusiva da educação popular”. “Eu me tornei educador popular sem uma formação de educação popular e acho que isso aconteceu com grande parte dos profissionais de saúde. Dezenas de profissionais foram para as periferias e aprenderam lá”, explicou.

Além de lecionar na Universidade da Paraíba, Eymard Vasconcelos também esteve, durante 17 anos, à frente do projeto de extensão “Educação Popular e Atenção à Saúde da Família”, que atualmente atende 640 famílias na Comunidade Maria de Nazaré, em João Pessoa. “Nós profissionais de saúde, mesmo os mais comprometidos, temos a tendência de ver as classes populares como uma classe de carentes, e que nós vamos salvá-los levando o bom conhecimento e as boas orientações, mas quando chegamos lá é completamente diferente. Esse é o processo de aprendizado maior”, afirmou Eymard Vasconcelos

“Quando o SUS se estruturou houve uma grande expansão do serviço de atenção primária de saúde no Brasil, mas não tínhamos profissionais para esse serviço. As pessoas eram contratadas e iam para as periferias sem saber o que fazer. Havia uma angústia e uma busca pelos caminhos. Muita gente se formou de modo espontâneo, aprendendo com sua equipe, mas sempre com compromisso com a população”, continuou. 

O professor Eymard finalizou falando sobre a experiência transformadora vivida por ele em uma das comunidades assistidas pelo projeto de extensão da UFPB. “Nós profissionais da saúde temos a oportunidade de presenciar a realidade humana. Isso gera o encantamento de ser significativo no enfrentamento da dor humanas. Eu não vi apenas uma realidade que não conhecia, mas senti a minha contribuição na vida humana, e vi que meus alunos também sentiram isso”, concluiu.

A conferência “A Pedagogia do Oprimido e sua relação com a equidade em saúde”, assim como as demais conferências do evento, podem ser assistidas no canal do YouTube do ADURN-Sindicato.

ADURN Sindicato
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