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Publicado em 20 de outubro de 2021 às 12h09min
Tag(s): Literatura
Silenciada ao longo da Histíoria, a argentina Juana Manso é considerada uma das mulheres latino-americanas mais emblemáticas do século 19. Foi ela quem escreveu o primeiro romance abolicionista ambientado no Brasil, mas só agora a obra está sendo traduzida, graças a um grupo de mulheres da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
A família do Comendador (“La familia del comendador”) começou a ser escrito em português. De volta à Argentina, o texto ficou sem conclusão e a escritora recomeçou a obra em espanhol, com grandes mudanças na narrativa, resultando no livro que deve ser lançado em janeiro de 2022 pela primeira vez no Brasil, pela editora Pinard.
A publicação será viabilizada por meio de uma campanha de financiamento coletivo, aberta no Catarse em 6 de outubro. A arrecadação termina em 10 de novembro e além do lançamento tem como recompensas marcador de livro, ecobag, caderno em capa dura, um fac-símile com artigos jornalísticos que Juana Manso e um livreto com a primeira e inacabada versão de “A família do comendador” (apenas quatro capítulos), publicada no Jornal A Imprensa em português. A meta é R$ 48.059.
Precursora do feminismo no seu país de origem, no Uruguai e no Brasil, Juana Paula Manso de Noronha viveu de 1819 a 1875. Contrária ao governo militar argentino de Juan Manuel de Rosas (1793-1877), sofreu perseguição política e se exilou no Rio de Janeiro em 1842, onde ficou até 1853, data em que o governo de Rosas é derrubado na Argentina.
Enquanto esteve no Brasil, publicou o romance histórico “Misterios del Plata” (1852) e iniciou “La familia del comendador, concluído apenas em 1854 na Argentina. “Úrsula”, obra-prima de Maria Firmina dos Reis, foi publicada cinco anos depois, mas é, ainda, a primeira obra abolicionista de autoria brasileira.
Em Português
A tradução é coordenada pela professora e pesquisadora Regina Simon da Silva e conta com o trabalho das estudantes Miriam Cristine da Costa Souza, Luma Virgínia de Souza Medeiros e Maraysa Araújo Silva, no projeto de iniciação científica “O Jornal das Senhoras e Álbum de Señoritas: a imprensa feminina de Juana Paula Manso”, do Departamento de Letras da UFRN.
“Juana Manso, assim como outras escritoras, foi silenciada pela sociedade machista, principalmente pela sua atuação no espaço destinado ao homens. Na Argentina, só agora é que eles estão descobrindo a sua importância, e deixando de vê-la como apenas a amiga de Sarmiento”, explica a professora que analisa a autora desde o ano 2018, quando a escolheu como tema do pós-doutorado.
“Em 2019, eu submeti um projeto de iniciação científica para continuar meus estudos e divulgar entre outras pesquisadoras. E estamos colhendo os resultados”, completa Regina Simon, ao lembrar que coincidentemente foi procurada pela editora para apresentar aos leitores brasileiros o romance ao mesmo tempo em que já se adiantava nesse projeto.
“O editor da Pinard leu um artigo meu publicado pela revista Contexto, da UFES, e entrou em contato perguntando se eu não tinha interesse em traduzir a obra, inédita no Brasil. Por coincidência eu estava afastada para Licença Capacitação para fazer a tradução, então eu aceitei o convite, desde que a tradução pudesse ser feita em conjunto com minhas orientandas de IC [iniciação científica], que estavam trabalhando comigo no projeto”, conta.
Segundo ela, como foi um trabalho idealizado como um dos objetivos do projeto acadêmico não há remuneração pela tradução. Trata-se de uma concessão de uso para esta edição, e em troca vão receber alguns exemplares do livro.
“A família do comendador” será publicada dentro da coleção “Prosa Latino-americana”, que já conta com títulos como “Dona Bárbara”, do venezuelano Rómulo Gallegos, e “O aniversário de Juan Ángel”, do uruguaio Mario Benedetti. Por isso, mantendo o padrão, a edição terá capa dura, texto de apoio que aprofunda a leitura da obra e o conhecimento sobre a autora e três ilustrações internas.
O design é realizado por Gabriela Heberle, formada em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e em Design Gráfico pelo Senac/RS. Atualmente, estudante do Bacharelado em Artes Visuais, também pela UFRGS.
A HISTÓRIA
O romance narra a história da rica família do comendador Gabriel das Neves, regida pela mão-de-ferro de sua mãe, Maria das Neves, e por sua ambiciosa esposa, dona Carolina, com quem teve três filhos – Pedro, Gabriela e Mariquita – cujos destinos foram traçados segundo o interesse da avó.
A situação familiar se desestabiliza quando a matriarca decide que a neta Gabriela deve se casar com o tio Juan – que teve filho com uma das escravas e que enlouqueceu de tanto ser espancado pela própria mãe por querer abolir a escravidão dentro do ambiente familiar.
A jovem se revolta com a decisão da avó e foge, refugiando-se em um convento, fazendo com que cada um dos membros da família se mobilize, obrigando o acerto de contas do passado para que o futuro não se resulte na dissolução total dos Neves.
Fonte: Saiba Mais