No Novembro Azul, o ADURN-Sindicato reforça importância de ações preventivas e quebra de tabus

Publicado em 29 de novembro de 2021 às 12h50min

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Por meio da campanha mundial intitulada Novembro Azul, o mês de novembro é dedicado à conscientização dos homens, mulheres trans, travestis e pessoas não binárias acerca dos cuidados com o câncer de próstata. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), trata-se do segundo mais comum entre os homens no Brasil - atrás do câncer de pele não-melanoma -, e estima-se que, em 2021, o país registre 65.840 novos casos da doença, o que corresponde a 29,2% dos tumores incidentes no sexo masculino. Os números servem como alerta.

Para Priscila Serpejante, assistente social e especialista em Gênero e Sexualidade pela UERJ, as ações que acontecem em torno do Novembro Azul são fundamentais para derrubar tabus e preconceitos que impedem essas pessoas de cuidarem de si: “o homem foi construído historicamente para ser o provedor da casa, o sustento da família, e por essa lógica o cuidado vai ficando para depois. Mas é preciso que eles tenham atenção, que deixem os preconceitos de lado e sejam protagonistas da própria saúde”.

Tal pensamento é compartilhado por Roberval Pinheiro, professor do Centro de Ciência da Saúde (CCS) da UFRN e secretário-geral do ADURN-Sindicato: “fatores associados ao aspecto sociocultural presentes na identidade e construção do ‘ser masculino’ estão em alinhamento direto com as dificuldades de estimular hábitos e comportamentos mais saudáveis”.

A situação é mais grave para mulheres trans, travestis e pessoas não binárias, que comumente acabam excluídas das campanhas de conscientização, como também pontuado por Priscila Serpejante: “o sistema de saúde muitas vezes reforça a heteronormatividade – saúde para a mulher, saúde para o homem – e isso precisa ser revisto. Nós precisamos pensar em todos os públicos”. Por causa do preconceito, muitas delas ainda deixam de fazer o exame de toque retal e se expõem aos riscos da doença. Mesmo pessoas que já tenham passado pela cirurgia de afirmação de gênero devem ficar atentas, como alerta a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra). 

O câncer de próstata, na maioria dos casos, cresce de forma lenta e não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde de quem o porta. Em outros casos, pode crescer rapidamente, se espalhar para outros órgãos e causar a morte. Dessa forma, homens cis, mulheres trans, travestis e pessoas não binárias não podem deixar de fazer o exame de próstata. “É fundamental estar em alerta e cumprir uma rotina que permita até mesmo antecipar o surgimento de sinais e sintomas que revelam incômodos ou perturbações no estado saudável, de modo geral”, enfatiza Roberval.

 

Sintomas e sinais

No caso do câncer de próstata são mais frequentes os sinais que afetam o sistema genitourinário, manifestando alterações como dores, frequência/dificuldades de controle do ato de urinar, disfunções no comportamento sexual, dentre outras sinalizações que podem indicar a necessidade de procurar atendimento especializado no tempo mais breve possível, sobretudo associando com questões como histórico familiar, padrão de alimentação, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, tabagismo e outros fatores de risco. 

 

Origem do movimento

O Novembro Azul surgiu em 2003 em Melbourne, na Austrália, a partir da iniciativa de dois amigos, Travis Garone e Luke Slattery. Eles tiveram a ideia de deixar o bigode crescer durante todo o mês de novembro como forma de apoio às campanhas de conscientização da saúde masculina e arrecadação de fundos para doação às instituições de caridade.

No ano seguinte, surgiu a Movember Foundation – o nome veio da junção das palavras moustache (“bigode”) e November (“novembro”) –, uma organização sem fins lucrativos que visava à arrecadação de fundos para o combate ao câncer de próstata. Também foi criada uma plataforma online para receber doações, na qual os homens podiam compartilhar fotos da evolução de seus bigodes durante o mês.

No Brasil, a primeira campanha teve como lema “Um Toque, Um Drible”, e buscava gerar consciência sobre o câncer de próstata, derrubar o preconceito e incentivar os homens a se consultar e a fazer o exame se necessário.

Atualmente, o mês de novembro é marcado por diversas ações de divulgação sobre o câncer de próstata, como palestras sobre medidas de prevenção e campanhas para a realização do exame físico (toque) e do PSA (exame de sangue que detecta alterações do antígeno prostático específico). Para Priscila Serpejante, as ações realizadas ao longo deste mês são, sim, importantes, mas os cuidados precisam ir além de um período de campanha: “todo tempo é tempo de cuidado, de prevenção”.

ADURN Sindicato
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