UFRN – Jogo educacional alfabetiza enquanto diverte

Publicado em 04 de março de 2022 às 14h53min

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Foi durante as aulas de Lógica de Programação que a graduanda do curso Ciências e Tecnologia da UFRN, Milena Xavier, teve seu primeiro contato com a criação de jogos educacionais. A iniciativa de criar esse tipo de ferramenta foi idealizada pelo professor Aquiles Burlamaqui e adotada por outros professores que lecionam essa disciplina, como é o caso de Orivaldo Santana, docente da turma da qual Milena fazia parte. Logo após ser apresentada à sua orientadora, Karen Christina, Milena ouviu da professora, integrante do Núcleo de Tecnologias Educacionais da Prefeitura de Natal, que, infelizmente, muitos alunos da quinta série ainda não eram alfabetizados. “Foi a partir desse contexto que surgiu meu interesse em direcionar o jogo, como ferramenta educacional, para o eixo da alfabetização”, conta Milena.

O jogo Supermercado das Palavras foi desenvolvido por três pessoas. Milena Xavier, atuou na parte da programação e construiu a ideia do jogo. A professora Karen Christina orientou na parte relacionada à alfabetização. Já o professor Orivaldo Santana auxiliou na lógica de programação. A dinâmica é baseada na associação de imagens e palavras. Consiste basicamente em um supermercado em que o jogador atua de maneira invertida, isto é, em vez de ter acesso a uma lista de compras com itens por escrito, ele tem uma lista com imagens dos itens que precisa comprar.

Depois de ter feito a identificação visual na lista, o aluno pode procurar os itens na prateleira que está preenchida com os nomes escritos das mercadorias. Há apenas uma opção correta para cada produto. As opções semelhantes entre si distinguem-se umas das outras apenas por erros ortográficos. Ao finalizar a compra, o jogo exibe o número de acertos e erros do jogador. De tal modo, o game auxilia na alfabetização exercitando a leitura visual, verbal e a escrita correta das palavras.

Segundo Milena, o projeto foi pensado considerando o viés da alfabetização. A ideia inicial era fazer um jogo que não fosse muito infantil e pudesse avaliar e exercitar o nível de leitura e escrita dos alunos. “É possível considerar que ele atendeu às expectativas iniciais”, comemora a aluna. Considerando que o jogo seria apresentado como uma atividade avaliativa na disciplina de lógica de Programação, a maior dificuldade no desenvolvimento foi o tempo, uma vez que ele precisaria estar pronto em uma data determinada. Essa questão acabou comprometendo o número de fases e também a parte estética, que poderia ter sido aprimorada.

O Supermercado das Palavras será aplicado inicialmente na Escola Municipal Tereza Satsuqui Aoqui de Carvalho, no entanto, seu acesso não se restringe somente a ela ou a um público específico. A parceria ColabEduc, Secretaria Municipal de Educação de Natal (SME) e Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE), instituição do município de Natal que oferta cursos para professores no uso pedagógico das tecnologias digitais da informação e comunicação, foi firmada em novembro de 2021, graças ao convite do professor Orivaldo, que, juntamente com Aquiles, apresentou a proposta do ColabEduc. Em contrapartida, a SME, sobretudo os Formadores de Matemática do setor, e o NTE, tendo como responsável Karen Santos, responsabilizaram-se pela convocação de professores que quisessem participar do projeto. Nesse caso específico, o convite foi feito a Rita de Cássia, do laboratório de informática da Escola Municipal Tereza Satsuqui Aoqui de Carvalho, mas, impossibilitada de participar diretamente, ela contribuiu compartilhando sua preocupação com os alunos do quinto ano que ainda não são alfabetizados.

Para Milena, a principal expectativa em relação ao jogo é implementar novas fases. Além disso, outra meta é aumentar a sua visibilidade, objetivando alcançar e ajudar mais alunos. O professor Aquiles Burlamaqui, por sua vez, enfatiza que a importância desse tipo de projeto consiste na criação de um ambiente interdisciplinar e de integração entre ensino, pesquisa e extensão. “Ideias de professores da Educação Básica podem ser materializadas, no formato de games educacionais, por alunos de programação e esses games podem ser acessados e ajudar estudantes de todo o Brasil a compreender assuntos das mais diversas matérias”, explica.

Aquiles relata ainda que a experiência de criação de jogos educacionais de maneira colaborativa é gratificante e que, assim como o da Milena, no último semestre foram criadas 244 novas ideias de games e das quais 184 novos projetos foram iniciados. Ao todo já se tem 1.084 ideias cadastradas e mais 900 projetos disponíveis. Desde 2019, o grupo de Lógica de Programação da ECT, formado pelos professores Aquiles Burlamaqui, Rummenigge Dantas, Idalmis Milian, Filipe Taveiros e Orivaldo Santana vem aplicando o PBL (Aprendizado Baseado em Problemas) apoiado pelo Colabeduc.

Colabeduc tem o objetivo de criar um ambiente colaborativo de desenvolvimento de jogos educacionais, unindo professores da educação básica com programadores na criação de games alinhados com BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Para Aquiles, a evolução tecnológica anda cada vez a passos mais largos. Infelizmente a educação não tem acompanhado essa caminhada. “Se queremos que nossos estudantes consigam fazer parte da construção da sociedade nesse futuro que se apresenta, temos de trazer essa tecnologia para dentro do nosso dia a dia, para dentro do nosso fazer em sala de aula, para dentro de nossas vidas.” finaliza.

Fonte: ANDIFES

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