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Publicado em 09 de março de 2022 às 10h04min
Tag(s): 08 de Março
Foto: Isabela Santos
Quem esteve nos principais centros comerciais de Natal, Alecrim e Cidade Alta, na tarde desta terça-feira (8), viu as ruas lotadas de pessoas se manifestando por causa do Dia Internacional da Mulher. O ato unificado teve como tema “Pela Vida das Mulheres: Bolsonaro Nunca Mais! Por um Brasil sem Machismo, Racismo e Fome” e reuniu diversas pautas.
Muitos discursos, gritos de guerra, batucada e poesia acompanharam o percurso, que começou na praça Gentil Ferreira e se dispersou na avenida Rio Branco, na altura da Rua João Pessoa.
Na passagem pelo bairro Alecrim, Joice Cilene, foi uma das vítimas de feminicídio lembradas. Ela tinha 23 anos quando foi morta, em 11 de agosto de 2021, a facadas pelo ex-companheiro em uma daquelas calçadas.
A militante do Movimento de Mulheres Olga Benário Samara Martins, presidenta estadual e vice-presidenta nacional da Unidade Popular (UP), parte da organização, acredita que participaram cerca de 1 mil pessoas, entre homens e mulheres, de sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais e estudantis.
“Acho que demonstramos a força que as mulheres e as pautas das mulheres têm. Esse momento, que as mulheres têm sofrido tanto com o desemprego, a fome, a carestia mobiliza muito, assim como a perspectiva da saída de Bolsonaro, nesse último ano de mandato na Presidência. O desafio é não esperar as eleições e manter as mobilizações sociais”, opinou Samara.
Militante do Coletivo Feminista Juntas, Camila Barbosa também enfatizou que não se pode esperar a próxima campanha eleitoral.
“Que bom que a gente vai tirar Bolsonaro. Mas eu não quero esperar outubro pra resolver o problema. Nós estamos aqui celebrando com as nossas companheiras. Parabéns a quem veio hoje e se esforçou pra que esse ato acontecesse. A gente vai se ver muito mais vezes até outubro, porque o desafio é enorme. Só o povo salva o povo. Que a luta das mulheres continue”, disse Camila no carro de som, ao apontar que se trata de um dos maiores atos desde que a pandemia começou.
Já a articuladora do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Ana Carla de Oliveira, destacou a valorização das mulheres do campo, onde os direitos dos trabalhadores também estão sendo tomados.
“Os setores que administram o nosso país não estão preocupados. Dizemos não à fome e lutamos pelo direito à uma alimentação saudável, diante do Pacote do Veneno [projeto de lei que favorece a liberação do uso de agrotóxicos]”, disse a trabalhadora rural, lembrando que o presidente Bolsonaro está usando a guerra da Rússia contra a Ucrânia para explorar reservas indígenas.
“O governo federal está se aproveitando da crise internacional, dizendo que precisa retirar das terras indígenas os insumos que hoje são comprados na Rússia”.
A Educação também estava na ordem do dia, contando inclusive com a adesão do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do RN (Sinte/RN). A diretora de Juventude, Danyelle Guedes, apontou para a participação de caravanas de educadores de algumas cidades do estado. Ela é de Caicó.
“A manifestação é muito representativa, construída pelas centrais sindicais. O encaminhamento foi fortalecer o ato na capital, mas nos outros municípios estamos tendo roda de conversa e outras atividades. Também houve ato em Mossoró pela manhã e ainda participamos da abertura da semana da mulher do governo do estado, um evento institucional na Governadoria, onde a governadora [Fátima Bezerra] mais uma vez fez prestação de contas das ações”, contou. “Nós da educação temos esse ato do 8 de março como prioritário, inclusive por termos uma categoria majoritariamente feminina”, disse Danyelle, que também representa o mandato do deputado estadual Francisco do PT.
Outros mandatos de esquerda também marcaram presença: as vereadoras Brisa Bracchi e Divaneide Basílio, do PT, estavam entre as mulheres nas ruas, que também contaram com o apoio dos vereadores Pedro Gorki (PCdoB) e Robério Paulino (PSol) na caminhada, além da deputada estadual Isolda Dantas (PT) e da deputada federal Natália Bonavides (PT).
Moradia digna também foi um direito reivindicado pelo movimento. A coordenadora do Movimento de Luta por Moradia Popular (MLMP) Sônia Soares é da Ocupação Heleny Ferreira e alertou sobre o risco que o período de chuvas representa às comunidades vulneráveis.
“Hoje é um dia muito importante para a luta das mulheres e muitas de nós estamos lutando pela moradia digna e popular. Nessa pandemia, estamos na luta, passamos por muitas necessidades. A realidade é que moramos em barracos de 5 x 5 [metros]. Como vamos ter o necessário sem trabalho, sempre emprego? A última chuva alagou tudo lá Ocupação, perdemos as coisas da gente, queimaram eletrodomésticos”, reclamou Sônia.
Uma carta assinada pela Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) enfatizava a pluralidade das mulheres: “Denunciamos a catástrofe nacional. Somos negras, brancas, indígenas, quilombolas, jovens, adultas, idosas, somos LBTQIA+, trabalhadoras domésticas, do campo, da cidade, das florestas, das águas, mulheres com deficiência, com diferentes costumes e profissões de fé. Somos diversas, mas não dispersas na resistência, mobilização, solidariedade e cuidado”.
Fonte: Saiba Mais