Pesquisadores do RN mostram que casos de Sífilis diminuíram e achado é destaque em revista internacional

Publicado em 16 de março de 2022 às 09h45min

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Beto Lima é ilustrador e atua na Secretaria de Educação a Distância da UFRN

Pela primeira vez, em mais de uma década, o Brasil teve uma diminuição no número de notificações de casos de sífilis. Um artigo científico de pesquisadores da UFRN é destaque na edição de março de 2022 da revista The Lancet e mostra que a partir de 2019, foi verificado redução dos casos de sífilis adquirida, em gestantes e congênitas.

Com o título em português “Uso da Análise de Séries Temporais Interrompidas na Compreensão do Curso da Epidemia de Sífilis Congênita no Brasil”, o artigo é baseado na tese do professor Rafael Pinto, doutorando do Programa de Pós-graduação em Sistemas e Computação da UFRN, sob a orientação dos professores doutores Lyrene Silva e Ricardo Valentim, ambos da UFRN. O artigo também tem a parceria de pesquisadores estrangeiros da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, da Universidade de Athabasca, no Canadá, e a da Universidade de Coimbra, em Portugal.

Os cientistas consideram esse um dado importante, pois não é fácil, e nem trivial, mudar uma trajetória negativa de notificação de casos depois de mais de 10 anos de aumentos sucessivos. Mas ressaltam que ainda ser necessário superar vários desafios, por exemplo, o de eliminar a transmissão vertical da sífilis congênita no país.

O artigo apresenta achados científicos importantes no âmbito do enfrentamento à sífilis no Brasil, ao mesmo tempo em que discute resultados baseados na utilização de métodos computacionais, com robustos modelos estatísticos de regressão linear para medir a efetividade de políticas públicas de saúde. A regressão linear é uma forma matemática que os cientistas utilizam para observar e demonstrar tendências, ou seja, se os casos estão subindo ou reduzindo.

Os cientistas defendem e demonstram no artigo que a reversão da curva de crescimento no número de casos se dá a partir das ações de intervenção do Projeto “Sífilis Não”, que é desenvolvido pela UFRN em todo o Brasil. Os resultados processados apontam que, caso o conjunto de ações do projeto não tivessem sido implementadas, o Brasil poderia ter registrado um aumento de 28,79% dos casos de sífilis congênita em 2019.

Os cientistas destacam que um dos pontos mais importantes do achado é conseguir definir um método computacional que possa medir e avaliar a efetividade de políticas públicas de saúde. “Isso é muito inovador e impactante, pois permite a utilização de novas metodologias de avaliação e monitoramento das políticas públicas de saúde, o que fortalece a gestão pública e fortalece o controle social”, disse o Professor Ricardo Valentim.

Os métodos computacionais aplicados correlacionaram essa mudança positiva de tendência às intervenções do “Projeto Sífilis Não”, os casos passaram a reduzir no Brasil depois deste projeto. Esse fenômeno já não era registrado no Brasil há muito tempo, mais de uma década com registros de aumento de casos não é fácil de superar”, ressaltou Rafael Pinto, um dos autores do artigo.

Artigo foi destaque principal na The Lancet

O artigo dos cientistas potiguares é o destaque principal da edição de Março de 2022 da revista The Lancet, um dos principais periódicos científicos da área de saúde no mundo. O tema foi escolhido para ilustrar a capa da edição e traz uma obra artística de releitura da pintura “A Herança”, do pintor norueguês Edvard Munch. A releitura é de autoria do ilustrador digital brasileiro Beto Lima, e foi elaborada para acompanhar o artigo.

 

A obra original retrata uma mulher da aristocracia. Em seu colo, seu filho, nascido morto em decorrência da sífilis congênita, o que remete à dor do título do quadro. Através de uma solicitação dos autores do artigo (com título em português Uso da Análise de Séries Temporais Interrompidas na Compreensão do Curso da Epidemia de Sífilis Congênita no Brasil), Beto Lima traz a mulher brasileira, em uma unidade básica de saúde, aguardando atendimento para fazer o acompanhamento de seu filho, nascido saudável, depois de ter realizado o tratamento de sífilis materna.

Para o ilustrador, a releitura traz o sentimento contrário da obra original. “Enquanto a obra de Munch retrata a dor da morte, com cores escuras e pouca iluminação, a nossa versão procura trazer esperança, com a cor azul, maior iluminação e com as borboletas na estampa da roupa, remetendo à transformação que o tratamento da sífilis traz a vida das pessoas”, lembrou o artista potiguar.

O diretor executivo do LAIS, professor Ricardo Valentim, reforçou, também, a importância da releitura feita pelo artista potiguar, em consonância com o Projeto Sífilis Não. “A figura retrata, também, a intervenção do Projeto Sífilis Não – com a sua marca – e a redução do número de casos. A releitura também traz o slogn do projeto Sífilis Não – teste, trate, cure – três elementos fundamentais para a redução da sífilis congênita no Brasil, eliminando a transmissão vertical”.

SAIBA MAIS
Veja AQUI a edição da The Lancet 

Fonte: Saiba Mais

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