Professora da UFRN cria projeto sobre dignidade menstrual

Publicado em 22 de março de 2022 às 10h03min

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Foto: Projeto Menstruantes

O projeto intitulado Mulheres em rede: dignidade menstrual e meio ambiente tem o objetivo de incentivar a discussão do uso de absorventes ecológicos por mulheres da cidade de Currais Novos e inserir as costureiras locais na produção desses materiais, que serão distribuídos às moradoras do município.  A ação é coordenada pela professora Letícia Carvalho, da Faculdade de Engenharia, Letras e Ciências Sociais do Seridó (FELCS). Com a realização de rodas de conversas em parceria com a Marcha Mundial das Mulheres do Seridó e com as mulheres da comunidade, as palestras vão abordar temáticas como: dignidade menstrual, autoconhecimento e impacto ambiental.

As discussões, que ocorrerão na Felcs e nas comunidades, terão o apoio de enfermeiras, psicólogas e assistentes sociais para acompanhar as participantes. No fim do projeto, é esperado que soluções ecológicas ao meio ambiente sejam desenvolvidas e, também, a criação de uma inclusão produtiva e social das costureiras locais. “As mulheres aprendem desde cedo a sentirem nojo de seus corpos, a se sentirem impuras por interpretações bíblicas do Antigo Testamento ou pelo apagamento desse período por convenções sociais, sendo lembrado apenas pela forma pejorativa de se referir à TPM, em geral, por homens”, diz Letícia Carvalho sobre o tratamento da menstruação. 

Letícia explica ainda que, apesar de a menstruação ser algo natural na vida das mulheres, falar sobre esse tema ainda é um tabu e que a criação desse projeto é importante para a sociedade, pois, por meio dele, será possível promover o conhecimento de algo que é tão julgado e tratado de forma preconceituosa. A iniciativa da criação do Mulheres em Rede começou em 2019, quando a professora Letícia, junto às alunas, fazia a distribuição de absorventes descartáveis nos banheiros da Felcs, o que ajudou para que discentes não passassem por constrangimentos.

Na Constituição Federal de 1988, consta que a saúde é um dos direitos básicos dos indivíduos, mas, conhecendo a situação das moradoras de comunidades, esse direito não está sendo executado, por isso ter um projeto como esse é uma forma de ajudar mulheres sem acesso à higiene menstrual. Depois do veto do Presidente Jair Bolsonaro ao projeto que previa distribuição de absorventes para pessoas vulneráveis, a necessidade dessa ação se tornou evidente. Essa falta de condições para comprar um absorvente pode ter consequências graves à saúde da mulher, além de causar infecções, queda da autoestima e até evasão escolar.

A coordenadora conta que a proposta inicial, em 2019, era que cada pessoa pegasse um absorvente, caso precisasse, ou deixasse um, se tivesse sobrando. Com a pandemia e suspensão das aulas presenciais, a ideia foi amadurecendo em diálogo com outras mulheres e se transformou no projeto. “Com o Edital Nº 006/2021 da Proex, vi que seria uma excelente oportunidade de materializar a ideia de elaboração de itens que contribuam para o período menstrual sem um impacto ambiental negativo. Nosso projeto foi contemplado no referido edital com duas bolsas remuneradas e R$ 3.000, que servirá para a confecção de 300 absorventes ecológicos pelas costureiras de Currais Novos”, afirma.

Diante de pesquisas realizadas sobre a pobreza menstrual, é importante discutir o combate desta situação, além da evidente necessidade de se conscientizar sobre o uso de absorventes descartáveis por conta da degradação do meio ambiente. Letícia comenta que está animada para o início das aulas, no dia 28, pois serão divulgados nas mídias sociais digitais os conteúdos que serão abordados e como as pessoas poderão participar. O início do projeto pretende transformar a ideia de menstruação e de como lidar com o lixo produzido. “Espero que seja só o começo. Eu e as bolsistas estamos muito animadas para pôr o planejamento do projeto em prática”, completa.

Fonte: UFRN

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