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Publicado em 25 de março de 2022 às 16h37min
Tag(s): Ministério da Educação
O esquema de propina operado no Ministério da Educação facilita a liberação de recursos no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Em um dos relatos, o prefeito de Luis Domingues (MA), Gilberto Braga, contou que lhe pediram um quilo de ouro em troca do dinheiro público. Segundo ele, o pedido veio do pastor Arilton Moura, que atuava em parceria com o também pastor Gilmar Santos.
Já o prefeito de Bonfinópolis (GO), Kelton Pinheiro (Cidadania), disse que chegou a receber uma oferta de desconto no valor da propina: “(Arilton) falou: ‘vou lhe fazer por R$ 15 mil porque você foi indicado pelo pastor Gilmar, que é meu amigo. Pros outros aqui, o que eu estou cobrando aqui é R$ 30 mil’.” O valor da contrapartida também incluía compra de bíblias patrocinadas pelo pastor.
Outro relato sobre a propina no Ministério da Educação surgiu do prefeito de Boa Esperança do Sul (SP), José Manoel de Souza (PP), que também disse ter sido abordado pelo pastor Arilton com proposta de propina. “Ele disse: Eu falo lá, já faz um ofício, mas você tem que fazer um depósito de R$ 40 mil para ajudar a igreja.”.
Além dos prefeitos que relatam detalhadamente os pedidos de propina, outros gestores municipais dizem que chegaram ao MEC por meio dos pastores. Estão entre eles: Nilson Caffer, prefeito de Guarani D’Oeste (SP); Adelícia Moura, de Israelândia (GO); Laerte Dourado, de Jaupaci (GO); Doutor Sato, de Jandira (SP); Fabiano Moreti, de Ijaci (MG); André Kozan, de Dracena (SP); e Edmario de Castro Barbosa, prefeito de Ceres (GO).
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia determinou abertura de inquérito contra o ministro da Educação, Milton Ribeiro, após denúncia de suposto favorecimento a pastores no MEC. A decisão atende a pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na última quarta-feira (23). A magistrada aceitou o pedido feito pela PGR para que sejam ouvidos Ribeiro, e os dois pastores suspeitos, Gilmar Santos e Arilton Moura, além de prefeitos que relataram os pedidos de propina.
Cármen Lúcia afirmou que os fatos divulgados, “as circunstâncias expostas, que evidenciariam ocorrência de práticas delituosas a serem apuradas com o prosseguimento de ação penal pública incondicionada, tornam indispensável, segundo a manifestação do Ministério Público, o aprofundamento da investigação dos noticiados crimes”.
Na primeira vez que falou publicamente do assunto, em sua live semanal, ontem (24), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse não ter desconfianças do ministro Milton Ribeiro. “O Milton, coisa rara eu falar aqui, eu boto a minha cara no fogo pelo Milton”, afirmou em sua transmissão ao vivo.
Fonte: Rede Brasil Atual