Substituto de Milton Ribeiro no MEC também esteve com pastores lobistas, diz jornal

Publicado em 30 de março de 2022 às 17h22min

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Bolsonaro, Ribeiro e Godoy (dir.) ao lado de pastores lobistas do MEC. 

Foto: Reprodução

Bolsonaro, Ribeiro e Godoy (dir.) ao lado de pastores lobistas do MEC. Foto: Reprodução

 

O substituto interino de Milton Ribeiro no Ministério da Educação, Victor Godoy, ex-secretário-executivo da pasta, já se reuniu pelo menos três vezes com os pastores lobistas. As agendas foram reveladas pelo jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira 30 e mostram que Godoy apareceu ao lado dos religiosos no mesmo dia em que o pastor teria negociado o pagamento de propinas em troca de recursos do MEC.

Os encontros, de acordo com o jornal, ocorreram no ano passado. Em 13 de janeiro, Godoy recebeu ao lado de Ribeiro os pastores e prefeitos para uma reunião descrita como de ‘alinhamento político’. No mês seguinte, Godoy, Jair Bolsonaro e Milton Ribeiro formaram a mesa de autoridades em um evento que reuniu 23 prefeitos e os dois pastores lobistas.

O terceiro evento é o que mais chama a atenção. Em 15 de abril de 2021, Godoy, novamente ao lado de Ribeiro e Bolsonaro, sentou ao lado dos pastores Gilmar e Arilton em novo evento oficial do governo. Logo após este encontro, Arilton teria feito o pedido de propina em ouro a um prefeito. Outros chefes municipais estavam presentes no almoço patrocinado pelos religiosos. Ao menos dez prefeitos já confirmaram os pedidos de propina feitos por Arilton, revelando detalhes do funcionamento do gabinete paralelo montado no MEC.

Godoy é servidor de carreira da área de finanças da Controladoria-Geral da União. Foi ele o responsável por preparar e encaminhar a denúncia da atuação dos pastores no MEC. A pasta, porém, não forneceu detalhes do ofício produzido pelo secretário. A denúncia só foi encaminhada pela CGU à Polícia Federal após sete meses.

Vale ressaltar ainda que, mesmo com a denúncia, Ribeiro manteve forte interlocução com os religiosos. O ex-ministro alega que só atendeu os pastores para que eles não soubessem das investigações, mas afirma que não manteve agendas fora do MEC. Fotos publicadas por um prefeito, no entanto, desmentem a versão de Ribeiro.

Godoy é o mais cotado a ser nomeado oficialmente por Bolsonaro. A decisão, porém, ainda não foi tomada. Além do interino, o reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, Anderson Correia, e o diretor de Ações Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educação (FNDE), Garigham Amarante, atuam nos bastidores para serem levados ao cargo. Amarante é ligado ao PL de Valdemar Costa Neto e Correia articula apoio da bancada evangélica, teria aval do pastor Silas Malafaia e busca aliados no Centrão.

Caso seja oficializado no cargo, Godoy será o quarto ministro de Bolsonaro na pasta. O MEC já foi comandado por Ricardo Vélez, Abraham Weintraub e Milton Ribeiro. O engenheiro Carlos Decotelli chegou a ser nomeado, mas não tomou posse após ter seu currículo desmentido publicamente. Assim como os antecessores, Godoy chegaria ao cargo sem vasta experiência na Educação.

O interino também é tido como o homem de confiança de Ribeiro. Foi ele quem teria sido o mensageiro da pressão do ministro em defesa da faculdade presbiteriana, ligada à igreja de Ribeiro e denunciada no Enade de 2019. Na ocasião, a pedido do ministro, ele ameaçou demitir funcionários do Inep caso as informações de fraude chegassem à Polícia Federal. A atuação foi confirmada pelo jornal Folha de S. Paulo na época.

Fonte: CartaCapital

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