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Publicado em 06 de maio de 2022 às 11h55min
Tag(s): Fórum Social Mundial
O PROIFES-Federação participou da etapa mexicana do Fórum Social Mundial 2022, realizado na capital do país, Cidade do México, de 30 de maio ao dia 6 de abril, representado por sua diretora de Direitos Humanos, Rosangela Oliveira, em delegação que contou com a presença dos conselheiros Ana Maria Trindade, do SINDIEDUTEC-Sindicato, e Oswaldo Negrão, do ADURN-Sindicato.
A programação do evento contou com diversos temas de interesse popular e as mesas compostas por movimentos sociais e populares do Brasil envolveram discussões sobre educação ambiental, direito à água, economia solidária, relações de gênero e economia global, entre outros temas.
O PROIFES-Federação participou do fórum internacional sobre liberdade sindical buscando entender as experiências de lideranças sindicais de países como o México, Espanha, Índia, Canadá, todos com debates sobre reformas trabalhistas e reformas sindicais, explica Rosangela Oliveira. “A reforma trabalhista mexicana é muito próxima à brasileira, e aqui também se soma a dificuldade da organização sindical. No México não há liberdade sindical, a consciência de classe ainda não está no entendimento dos trabalhadores e trabalhadoras” explica a diretora do PROIFES, acrescentando que “por isso a construção de identidade de classe é fundamental para o impulsionamento e fortalecimento da democracia sindical, no México e em outros países com cenários semelhantes”.
Povos originários
A abertura do evento se deu no 1º de maio, com a realização de uma mística seguida de manifestações com diversas etnias de povos originários luando. De acordo com a organização do evento, com a desarticulação dos movimentos sociais no mundo, em um cenário comparado ao período que antecedeu a pandemia, torna-se essencial procurar meios de rearticular as organizações populares de lutas por direitos.
“Consolidar, fomentar e participar de processos de diálogo auto-organizados que fortaleçam alianças, projetos e iniciativas de ação que estão conectadas a níveis nacional e internacional, nas quais se construam agendas globais comuns, e que alcancem influência emancipatória e anti-hegemônica em nossas realidades onde se avance a construção de uma pauta global”, destacou a organização da etapa mexicana do FSM 2022.
Direito ao nome social e contra a transfobia
O Fórum Social Mundial é um evento que há 20 anos se propõe a construir uma nova sociedade ou ao menos uma convivência mais plural e inclusiva. O lema oficial do evento passa essa ideia de renovação e progressismo: “Um outro mundo é possível”.
Ironicamente, no entanto, existem barreiras até adentrar num evento onde, por princípio, se pode circular sem receios ou amarras na auto-expressão. Foi o que aconteceu com a brasileira Keila Simpson, presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), que sequer conseguiu chegar à mesa para a qual foi convidada a participar no Fórum. Ainda no aeroporto, Simpson foi barrada e deportada. O motivo é que seu nome social não correspondia ao nome de seus documentos.
Rosangela Oliveira passou por situação parecida, inclusive junto com Keila Simpson, porque seu nome estava abreviado em um documento e em outro não. No entanto, ela conseguiu entrar no país e participar do evento.
Sobre o tratamento dado a elas, a diretora do PROIFES e presidenta do SINDIEDUTEC-Sindicato relatou que o sentimento era de humilhação e deboche. “Lá dentro a maioria dos guardas eram jovens. Sentamos, tiraram nossos celulares e bolsas. Perguntei porque estávamos ali e o menino debochou dizendo que tínhamos feitos coisa errada nos nossos nomes. Não podíamos fazer nada e nem falar com ninguém. Não reconheceram a legitimidade da identidade de gênero dela”, explicou.
O SINDIEDUTEC-Sindicato repudiou em nota o comportamento transfóbico a que Simpson foi submetida por entender que se tratou de uma humilhação desnecessária em que a identidade de uma pessoa foi simplesmente ignorada e repelida. Além de não oferecer perigo à nação mexicana, sua volta estava com a data prevista. A auto-identificação define e situa o indivíduo no seu lugar social. A negação a isto é violência e, no caso de Simpson, violência de gênero, situação que vem se tornando mais e mais inaceitável.
Leia aqui a Nota de Repúdio do SINDIEDUTEC-Sindicato.
Fonte: PROIFES-Federação