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Publicado em 11 de maio de 2022 às 17h35min
Tag(s): Ciências
Uma triste constatação: os investimentos em ciência e pesquisa, mesmo diante dos esforços de instituições de pesquisa – como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – e de ensino superior públicas durante a pandemia, não foram suficientes para o Governo Federal priorizar orçamentos justos voltados a essas áreas estratégicas. Diante da ausência de perspectivas, o Brasil perde mentes brilhantes que poderiam fazer a diferença em prol da saúde e do bem-estar de toda a sociedade.
Em todas as instituições públicas de ensino superior do país, há um sentimento de pesar e indignação diante do desmantelamento das iniciativas de incentivo à pesquisa. É cada vez maior a quantidade de cientistas altamente qualificados que vão atuar no exterior.
Tal situação é alarmante, afinal, após anos de investimentos públicos em educação básica e nas universidades, com atenção aos programas de pós-graduação brasileiros, o país simplesmente abre mão do conhecimento construído.
A política de incentivo à ciência e pesquisa no Brasil é uma falácia, porque mesmo diante da Covid-19 e dos esforços dos nossos cientistas, o governo Bolsonaro não priorizou o financiamento necessário à formação e à manutenção dos trabalhos científicos.
De acordo com levantamentos da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ocorreu uma redução aproximada de 51% da verba voltada ao financiamento de pesquisas nos últimos 10 anos. Para 2022, diante da divulgação do Orçamento do Governo Federal, o quadro deve ser ainda mais crítico.
“Destruição planejada”
O que se vê em curso no nosso país é uma espécie de “destruição planejada” na área científica brasileira, com cortes de bolsas e ausência dos aportes necessários para investimentos em infraestrutura e laboratórios nas universidades e nos institutos federais.
A realidade é que, anualmente, tem sido cada vez maior a “fuga de cérebros” do Brasil em busca de espaço e valorização em instituições internacionais. De acordo com universidades e outras instituições de ensino, essa é uma tendência que vem aumentando a cada ano.
Para se ter uma ideia do problema, em 2021 o orçamento do CNPq ficou em R$ 1,23 bilhão. Desse total, R$ 1 bilhão é destinado às bolsas de estudo e R$ 10,4 milhões para iniciativas de fomento à pesquisa.
Na comparação com 2013, momento em que a entidade atingiu o pico de recursos, o valor destinado às bolsas teve uma redução de quase 30%. No caso do fomento, tomando como base 2010, ano em que se atingiu uma margem significativa de recursos na área, a diminuição chegou a 90%.
Sem um compromisso claro com a pesquisa e a ciência, o Brasil entrega de mão beijada cérebros brilhantes para outros países. Em vez de nos consolidarmos como produtores de conhecimento, estamos voltando ao patamar de décadas atrás, quando éramos meros importadores. Enquanto isso, o sucateamento faz com que nossos bravos cientistas busquem soluções alternativas para manter o mínimo possível de suas atividades. Uma situação revoltante e que exige a mobilização de toda a sociedade em busca de respostas e medidas do Governo Federal. A ciência agoniza e, se continuarmos neste caminho, os impactos para o nosso país serão ainda mais desastrosos!
Fonte: APUB