Por que precisamos das universidades públicas?

Publicado em 10 de junho de 2022 às 12h07min

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O que temos visto nos últimos seis anos, desde que o BraZil foi vítima de um golpe parlamentar, um novo modelito aprovado pelos EUA para derrubar os governos progressistas da América Latina, é uma campanha aberta contra as universidades públicas, principalmente as da rede federal de ensino e em muitos setores da sociedade esse discurso foi introjetado, de forma contraditória, pois as famílias de classe média PRECISAM das universidades públicas exatamente para formar seus rebentos, para que eles possam adentrar ao mercado com uma melhor qualificação.

Lembremos que o tresloucado Abraham Wientraub, que esculhambou o Ministério da Educação, disse, ainda em 2019 que as universidades eram caras, desperdiçavam dinheiro e não produziam nada, além de serem “campos de cracolândia”. Essa foi e é a visão que o bolsonarismo fascista tem das universidades públicas que, aliadas ao “torniquete orçamentário”, imposto a esse país a partir de dezembro de 2016, eufemisticamente chamado de “teto dos gastos”, geraram um encolhimento violento dos recursos das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), formadas pelas universidades e institutos federais de ensino, e é essa a ameaça mais grave que pode trazer danos irreversíveis às novas gerações.

Só para se ter uma ideia, ainda que remota, sobre como os governos Temer e Bolsonaro estão premeditadamente buscando a destruição do Ensino Superior, em 2004, dezoito anos atrás, tínhamos 547 mil alunos matriculados distribuídos em 51 IFES, com um orçamento de R$ 2,60 bilhões para os gastos discricionários, que incluem todos os outros gastos das instituições. Entram na lista contas de água e de luz, serviços terceirizados (limpeza, segurança etc), compra de materiais e manutenção de equipamentos, entre outras coisas. Em 2021, com 1,3 milhão de alunos (+ 137,6% em relação a 2004), em 69 IFES (+ 18 em relação a 2004) tem o mesmo orçamento, ou seja, é um recuo vergonhoso, mas tem a lógica de estar alinhada com os objetivos do nosso liberalismo. Enfiar o tal “mercado” dentro das universidades.

Com os novos bloqueios desse ano de 2003, as universidades não vivem mais de pires na mão. Elas perderam os pires. Estão virtualmente paralisadas e isso tem impacto dentro das economias mais pobres, como é a do Rio Grande do Norte. O encolhimento desses recursos orçamentários afeta duas universidades federais: a tradicional UFRN, cuja sede é em Natal, e a UFERSA, cuja sede é em Mossoró. A importância dessas duas universidades federais para o RN não deveria nem ser repetida, mas diante do bolsonarismo fascista, que tem porta-vozes bem conhecido da sociedade civil mais organizada, precisa ser lembrada.

As universidades públicas e os institutos federais representam quase 90% do total de pesquisas em andamento, e a destruição das linhas de financiamento dessas pesquisas, terá um efeito devastador em várias áreas da economia e da sociedade brasileira nos próximos anos. As ações de pesquisa, fundamentais para o avanço nas melhorias da economia, melhorando o desempenho econômicos, e de extensão, estas mais centradas em atividades que envolvam as comunidades locais.

Esses bufões fascistas, movidos por ódio e ressentimento, tratam o ensino superior como algo “desnecessário”, não nos seus discursos oficiais, mas nas suas ações. Alguns deles, como o ministro Rogério Marinho, recém-convertido ao bolsonarismo fascista, parece acreditar, por exemplo, que o Instituto Metrópole Digital (IMD), que é parte da estrutura da UFRN, é seu, devido ao fato de que ele, como deputado, trouxe recursos que contribuíram para a sua construção. E é assim que essa elite anacrônica pensa.

Mas será que as universidades públicas (federal e estadual) e o Instituto Federal do RN (IFRN) são importantes para o RN? Podemos, como sociedade, preteri-las? São “desnecessárias” e centros de consumo de drogas? Olhando onde está essa rede, poderemos ter uma ideia de sua importância.

A UFRN está em Natal, Caicó, Macaíba, Santa Cruz e Currais Novos; a UFERSA está em Angicos, Caraúbas, Pau dos Ferros, Mossoró (UFERSA); o IFRN está em Apodi, Canguaretama, Caicó, Ceará-Mirim, Currais Novos, Ipanguaçu, João Câmara, Jucurutu, Lajes, Macau, Mossoró, Natal, Nova Cruz, Parelhas, Parnamirim, Pau dos Ferros, Santa Cruz, São Gonçalo do Amarante, São Paulo do Potengi (IFRN); e a UERN está em Mossoró, Assu, Pau dos Ferros, Patu, Natal, Caicó (UERN). Faça o seguinte exercício: pegue essas cidades e coloque sobre o mapa do RN. Você verá que essa rede está espalhada por todas as regiões e, portanto, devido à sua própria estrutura, beneficia os locais onde estão localizados e o seu entorno.

Ao atacar essa rede, de várias formas, o bolsonarismo fascista pretende, de fato, tornar o ensino superior um campo de doutrinação baseada num fundamentalismo religioso medieval e sustentada por interesses empresariais, que nada tem a ver com a ciência e o conhecimento e sim com seus interesses privados, ou seja, todo o sistema de formação das gerações futuras, estaria lastreada pela ignorância e pela repulsa às pesquisas científicas, tornadas pesquisas de mercado.

Recuperar a importância do ensino superior é fundamental para a nova geração, para que ela possa desenvolver seus atributos no mercado e assim contribuir para o desenvolvimento de suas comunidades e da nação como um todo. No caso do RN, recuperar as IFES aqui localizadas estão diretamente ligadas ao nosso crescimento e desenvolvimento, que pode melhorar a vida dos potiguares.

Os que são contra isso devem ser identificados e derrotados no processo eleitoral, e aqueles que propagam a destruição das IFES nas redes de comunicação e nas redes sociais devem ser combatidos, mostrando seu papel na difusão do pensamento que faz ode à ignorância.

Fonte: Saiba Mais 

ADURN Sindicato
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