Prisão de ex-ministro da educação Milton Ribeiro era o mínimo que se esperava de um agente público que fez do MEC um verdadeiro balcão de negócios

Publicado em 24 de junho de 2022 às 15h36min

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Em entrevista concedida à rede de televisão TVT ainda no mês de março desse ano, o então presidente da CNTE, hoje licenciado do cargo, Heleno Araújo, já havia vaticinado: “Então ele não deve somente deixar o cargo. Milton Ribeiro deve sair do MEC preso, já que ele é um criminoso”. A CNTE desde sempre denunciou os descalabros desse ministro que só durou tanto tempo na cadeira de Ministro da Educação porque tinha o perfil de “bom moço” e, perspicaz como sempre foi, não entrava em qualquer dividida como o seu antecessor, Abraham Weintraub, hoje rompido com o ex-chefe Bolsonaro.

Milton Riberio representou o que há de pior para a educação pública nacional: defensor ardoroso do Movimento Escola sem Partido, nunca esmoreceu em defender os ideais desse projeto de educação, apesar de sua derrota fragorosa no STF que o julgou inconstitucional ainda em agosto de 2020. No exercício do cargo, deu declarações homofóbicas, associando a homossexualidade a famílias desestruturadas, o que levou a Procuradoria Geral da República a denunciá-lo no STF.

Preso agora com outros dois pastores evangélicos, como ele também o é, Ribeiro está sendo acusado justamente em decorrência do fato de ter transformado o Ministério da Educação em um verdadeiro balcão de negócios: em áudio flagrado com a voz do próprio ex-ministro, o esquema no MEC com prefeituras aliadas e indicadas por pastores evangélicos envolveu até negociata com barras de ouro e transferência de dinheiro para contas bancárias pessoais de Riberio.

Sua passagem pelo MEC foi uma afronta para a educação pública brasileira, para o conjunto do movimento educacional do país e, também, para toda a população que usa esse serviço público tão essencial. Na pandemia da COVID-19, quando foram necessárias a articulação e a coordenação do MEC no enfrentamento à doença nas redes municipais e estaduais de ensino, o ex-ministro Ribeiro se escondeu por completo. Fez coro conjunto e em uníssono com as barbaridades feitas e pronunciadas pelo seu chefe Bolsonaro, que hoje já o abandonou e o entregou aos leões.

E sabemos bem, a CNTE sempre denunciou, que Milton Ribeiro só agiu da forma que agiu com a conivência e respaldo de Bolsonaro. Isso foi dito pelo próprio ex-ministro em seu áudio vazado. Que agora Milton Riberio tenha algum esmero para, enfim, entregar o ex-chefe que não lhe guardou a mínima honra.

Brasília, 23 de junho de 2022.
Direção Executiva da CNTE

Fonte: CNTE

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