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Publicado em 01 de julho de 2022 às 09h09min
Tag(s): Orçamento
Enquanto a pandemia serve de “bode expiatório” para o Governo Federal justificar sua política de destruição dos serviços públicos e a redução do orçamento destinado à educação e a outros setores essenciais, a dívida pública da União, como um verdadeiro câncer, vem se alastrando e consumindo todo e qualquer recurso que encontra no caminho.
De acordo com dados do Banco Central, as despesas com os juros aumentaram R$ 136 bilhões em 2021.
Tal situação foi agravada com a disparada da inflação no ano passado e com o crescimento da taxa básica de juros para tentar contê-la. Além de afetar o bolso de toda a população, esse cenário foi responsável pelo desvio de recursos de áreas fundamentais, como a saúde e a educação, para dar conta da insaciável fome do sistema financeiro.
Para se ter uma dimensão do quanto é grave esse quadro, as despesas totais com juros aumentaram, segundo o BC, de R$ 312,4 bilhões em 2020 para R$ 448,3 bilhões em 2021. Na prática, esse valor é superior ao total previsto em investimentos para inúmeras áreas essenciais.
Esse valor supera, por exemplo, os gastos estimados com o Auxílio Brasil para este ano – aproximadamente R$ 89,1 bilhões. Se o novo programa social da gestão Jair Bolsonaro, visto como uma das ferramentas para aumentar a popularidade do presidente, que só pensa em sua reeleição (inclusive para escapar da prisão), leva a pior na comparação, imagine nas outras áreas que já sofrem com o descaso e ataques constantes do chefe do Poder Executivo.
Dívida nebulosa e fraudulenta
Obviamente, o crescimento da dívida pública da União faz muito bem aos interesses de bancos e especuladores que, por meio desse endividamento sem controle e sem auditoria, são extremamente privilegiados.
Enquanto o incentivo à pesquisa segue à deriva e as instituições de ensino superior federais lutam para continuar abertas, uma minoria se beneficia de recursos que deveriam ser destinados a essas áreas essenciais.
A entidade Auditoria Cidadã da Dívida (ACD) apurou, que no orçamento executado pelo Governo Feederla em 2020, 39,08% foram utilizados apenas para o pagamento de juros e para a amortização do saldo devedor. A maior parte é gasta com juros e com rolagem da dívida. Um absurdo!
Para a entidade, é primordial que seja feita uma auditoria da dívida brasileira para se combater os caminhos que levam a essa ciranda permissiva de gastos.
Nem mesmo a Emenda Constitucional (EC) 106, do chamado “orçamento de guerra”, impôs qualquer limite. Os bancos tiveram mais privilégios (leia-se a liberação total do pagamento de juros, inclusive por meio da emissão de novos títulos da dívida) e os gastos financeiros com a dívida pública ficaram também sem qualquer tipo de controle.
Até quando uma minoria vai levar vantagem sobre toda a população? O país segue na UTI e essa fatura, cada vez mais amarga, pode se tornar impagável…
Fonte: APUB