O que importa para quem defende a manutenção da lei da reforma trabalhista ?

Publicado em 19 de julho de 2022 às 15h18min

Tag(s): Reforma Trabalhista



 

O editorial de O Globo de ontem, 17 de julho de 2022, tinha o título seguinte: “Por que a reforma trabalhista de Temer deu certo” (sic). Ao externalizar seu posicionamento, O Globo enquanto representante dos interesses do capital financeiro, demonstrou que este travará uma guerra contra qualquer governo democrático que, a partir das próximas eleições, ouse destruir o modelo neoliberal de gestão da força de trabalho implementado, desde o governo de Michel Temer, por meio da lei da reforma trabalhista, ou seja, a Lei 13.467/2017.

O periódico carioca citado, profundamente implicado em seu compromisso de defesa dos interesses do capital financeiro e, ainda, disposto a emplacar a narrativa fantasiosa de que a relação de trabalho no Brasil foi “modernizada”, insiste em dizer que a reforma trabalhista deu certo, ponto final.

O citado veículo de comunicação do Grupo Marinho, ao dizer que a reforma trabalhista foi um sucesso, tenta desconsiderar o que ele sempre quis que continuasse a ser ignorado. A propósito, ao tecer loas à reforma trabalhista, ao Jornal O Globo pouco importa:

se no Brasil, durante o período em que passou a ser aplicada a Lei 13.467/2017, aumentou a concentração de renda e diminuiu a massa de salários;

se o brasileiro empobrecido ficou mais endividado e a qualidade de vida deste despencou;

se o país voltou ao mapa da fome e se há uma parcela de empobrecidos que está ou a comprar pelanca de galinha, refugos de embutidos ou restos de carcaças de vaca ou está a disputar por restos de comida no lixo;

se a redução do acesso à justiça se deu pelo fato do trabalhador não ter como arcar com o alto custo para litigar na Justiça do Trabalho;

que o sindicato dos trabalhadores tenha sido fragilizado a ponto de sequer ter condições para financiar estudos e campanhas de valorização das profissões e para continuar a reivindicar a dignidade das condições de vida e de trabalho da população trabalhadora;

se o conceito de segurança jurídica é entendido como a “faculdade” de se desrespeitar os direitos sociais e impedir o acesso à justiça daqueles que são violentados e injustiçados nas relações de trabalho;

se a atual taxa de desemprego é influenciada pela artimanha estatística que manda computar os trabalhadores com contrato de trabalho intermitente, que entram na base do CAGED como empregados, mas sequer tem a garantia de recebimento de salários;

que a reforma trabalhista tenha sido aprovada de forma antidemocrática, sem cumprir as prescrições da Convenção 144, da OIT;

que atualmente o Brasil, justamente por causa da reforma trabalhista, tenha sido incluído na lista suja da OIT (Organização Internacional do Trabalho) dos dez países que mais descumprem as convenções internacionais do trabalho.

se o Brasil continua a figurar, pelo quarto ano consecutivo, na lista dos piores IGD (Índice Global de direitos) do planeta, sendo considerado um dos dez piores países do mundo para quem trabalha;

se houve a erosibilidade das conquistas históricas dos trabalhadores, a alta da informalidade nas relações de trabalho e o quase completo desmonte da fiscalização trabalhista;

que a má qualidade de vida tenha influenciado o aumento da violência, a elevação do trabalho infantil e o crescimento explosivo das situações de trabalho em condição análoga à escravidão;

que o número de acidentes e adoecimentos no trabalho tenham aumentado e que o Brasil continue a figurar entre os três países que mais matam trabalhadores em decorrência de acidentes do trabalho.

que os direitos sociais sejam ardilosamente estigmatizados como privilégios ou abusos, e não mais como direitos adquiridos mediante uma luta histórica dos trabalhadores;

que 2,85 milhões de pessoas integrem uma massacrante fila de espera do INSS, aguardando a concessão de um benefício previdenciário, conforme dados do governo federal divulgados pelo O Globo (caderno Economia, 26.2.2022);

Para o conglomerado corporativo de O Globo, que tem um histórico de apoio a ditadores e a governos antidemocráticos, como ocorreu com o regime do Golpe de 1964, o que é mais importante mesmo é preservar a narrativa de uma mídia ventríloqua da banca rentista, a qual – como diria o ex-presidente do FED dos EUA, Alain Greenspan, preocupa-se apenas com a sua ganância infecciosa, pouco se importando com um projeto de civilização baseado no bem-estar da população. Enfim, o Jornal O Globo pouco se importa com o Brasil e com o brasileiro. A propósito, o citado periódico parece não se envergonhar e pouco se importar com o deplorável lado da história de que até hoje ele fez parte.

Fonte: Saiba Mais 

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