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ADURN-Sindicato
Publicado em 03 de agosto de 2022 às 11h40min
Tag(s): Democracia Manifesto
O dia 11 de agosto de 2022 promete ser histórico para o Brasil. Isso porque, nesta data, milhares de pessoas por todo o país, em diferentes instituições, farão a leitura da Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito. Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), para marcar o ato, o ADURN-Sindicato vai produzir um vídeo com os professores e professoras da instituição fazendo a leitura do documento.
Qualquer docente da UFRN pode participar do ato. Para isso, basta enviar um vídeo fazendo a leitura do manifesto na íntegra para o endereço eletrônico [email protected]. O corpo do e-mail deve conter o nome completo e departamento do professor ou professora. O envio pode ser feito até a segunda-feira, dia 8 de agosto. O material será exibido no Centro de Convivência da UFRN na quinta-feira, dia 11, e vai circular nas redes sociais do ADURN-Sindicato.
Veja aqui as orientações para gravar o seu vídeo com qualidade.
A carta pela democracia foi lançada no dia 26 de julho após uma sequência de ataques do presidente Jair Bolsonaro contra o sistema eleitoral brasileiro. O documento é inspirado na Carta aos Brasileiros, lida em 1977 pelo professor Goffredo da Silva Telles Junior, para denunciar a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção que vivia o país.
Criado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), o manifesto que iniciou com pouco mais de 3 mil assinaturas conta, até a manhã desta quarta-feira (03), com mais de 700 mil adesões. Para assinar a carta, clique aqui.
Leia abaixo o documento na íntegra:
Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos cursos jurídicos no país, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o estado democrático de direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais.
Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal.
Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para o país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular.
A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral.
Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude.
Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos.
Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições.
Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional.
Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão.
Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.
Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos às brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições.
No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições.
Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona: Estado Democrático de Direito Sempre!!!!