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Publicado em 04 de agosto de 2022 às 11h30min
Tag(s): Ciência Educação Eleições
A ciência e a educação não têm vez no governo de Jair Bolsonaro. Alvos constantes de cortes orçamentários e de ataques agressivos do presidente da República, essas áreas agora agonizam diante das ações eleitoreiras implantadas para burlar o teto de gastos e que têm o objetivo de garantir a sua reeleição.
Na prática, verbas que deveriam atender às demandas desses setores altamente estratégicos são redistribuídas para ações desesperadas para melhorar a imagem do presidente que busca, desesperadamente, a reeleição.
O montante destinado às pesquisas, via Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) sofre uma redução de 44,76%. A medida vai afetar projetos voltados a temas como a Amazônia, biotecnologia, mudanças climáticas, defensivos agrícolas sustentáveis e mineração.
Para se ter uma ideia da gravidade da situação, o primeiro corte, em maio, era de R$ 1,8 bilhão. Esse valor, poucos dias depois, foi elevado para R$ 2,5 bilhões. Apesar de representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação afirmarem que as verbas seriam liberadas integralmente à medida que as pesquisas precisarem, a comunidade científica segue em alerta, pois é visível o descaso de Bolsonaro com esse segmento (já que a ciência desmente, com frequência, o governo).
Além de não levar em conta o papel estratégico da ciência, o presidente reforça a sua postura negacionista a cada nova oportunidade. A situação vem se agravando desde o auge da pandemia e se revela como um plano de governo ao sucatear as universidades e os institutos federais e instituições de renome, como a Fiocruz.
Outro exemplo disso é a medida provisória editada no início deste ano com o objetivo de realocar R$ 1 bilhão, que estavam destinados a projetos de pesquisa, para garantir a renovação de frotas de caminhões (na tentativa de buscar os votos dos caminhoneiros autônomos e dos empresários do setor).
Desmonte proposital da ciência
Por todo país, são inúmeros os relatos de pesquisadores que não têm nem mesmo a garantia do fornecimento de energia elétrica nas instituições em que atuam para dar continuidade aos trabalhos. Abandonados, cientistas e professores universitários recorrem a parcerias externas para viabilizar a manutenção de importantes estudos, que podem, inclusive, impactar na saúde pública e em outros graves problemas existentes no Brasil.
Se não bastasse o estrangulamento das verbas, predomina o desrespeito ao trabalho sério dos profissionais e das instituições que representam. O presidente, por meio das redes sociais, é um dos principais agentes na divulgação de fake news e de informações deturpadas sobre a atuação das universidades e de nossos pesquisadores.
Apesar de tantos ataques e dos esforços de Jair Bolsonaro para destruir a imagem dos nossos pesquisadores, a 6ª edição da pesquisa Índice do Estado da Ciência, da 3M, revela que 92% dos brasileiros confiam na ciência, principalmente quando o tema é divulgado pelas mídias tradicionais. Percentual, inclusive, acima da média mundial, que é de 86%.
É das universidades púbicas e dos centros de pesquisas que saem a maioria das soluções para problemas do nosso país.
Por isso, não dá mais para tolerar tanto retrocesso, atraso e descaso. Está na hora de virar essa página tenebrosa da história do nosso país. Só assim conseguiremos construir garantir que nossas universidades continuem sendo protagonistas da construção de um futuro melhor para os brasileiros.
Fonte: APUB