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Publicado em 08 de agosto de 2022 às 12h25min
Tag(s): Democracia
Lista de signatários, além de milhares de trabalhadores e trabalhadoras, conta com artistas, atletas, juristas, empresários e políticos – todos em uma cruzada contra a escalada autoritária no Brasil
Está perto de 800 mil o número de adesões à Carta às Brasileiras e Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, que já se consagrou como um movimento histórico em defesa da democracia como foram as ações de resistência durante o período de ditadura militar no Brasil.
O documento, elaborado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, uniu todos os setores da sociedade em torno de um único objetivo – salvar o Brasil da escalada golpista do presidente Jair Bolsonaro (LP), que ataca o sistema eleitoral brasileiro, os ministros das cortes superiores, faz fake news contra as urnas eletrônicas e diz que não vai aceitar o resultado da eleição.
Até as 11h da manhã desta segunda (8), a Carta às Brasileiras e Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito já tinha 795.830 adesões, número que cresce a cada instante, à base de 20 assinaturas (ou mais) por minuto.
A meta é chegar em um milhão de assinaturas até a próxima quinta-feira, 11 de agosto, dia em que o documento será lido no Largo de São Francisco, em São Paulo. A data também será o dia de Mobilização nacional em defesa da democracia e por eleições livres, organizada pela CUT, centrais sindicais, movimentos populares, partidos políticos, estudantes e outras entidades da sociedade civil.
A carta que, além de personalidades do meio jurídico, acadêmico, político, sindical, dos movimentos sociais, de empresários e até banqueiros, conta com grande engajamento de artistas e atletas que, assim como na ditadura, somam suas vozes e forças na luta contra o autoritarismo.
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E a lista é extensa. Em meio aos milhares de trabalhadores e trabalhadoras, estão figuras como Chico Buarque, Dira Paes, Luís Fernando Veríssimo, Jorge Furtado, Deborah Bloch, Alessandra Negrini, além de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia.
Outras personalidades do meio televisivo também declararam apoio como os jornalistas Juca Kfouri e Vera Magalhães, os ex-atletas Casagrande e Raí, e até mesmo o apresentador Luciano Huck, ex-apoiador do presidente Bolsonaro.
Do meio político, além do ex-presidente Lula e sua esposa Janja da Silva, os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Luís Henrique D´Àvilla (Novo) e Simone Tebet (MDB), os ex-presidentes Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso, e o ex-governador de São Paulo e candidato à vice-presidência na chapa de Lula, Geraldo Alckmin.
Do meio empresarial, são signatários da carta Roberto Setubal e Cândido Bracher, executivos do Itaú Unibanco, Walter Schalka, executivo da Suzano (do setor de papel e celulose), Pedro Passos e Guilherme Leal, da Natura, Eduardo Vassimon, do grupo Votorantin e Horácio Lafer Piva, do grupo Klabin.
Carta de 1977 é referência de luta
Também em um mês de agosto, 1977, um grupo de advogados e juristas elaborou uma carta de conteúdo semelhante, que reforçava a defesa de uma democracia que à época estava acorrentada pelas forças militares no país. O professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre em Direito, também no Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, em que denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção.
A carta conclamava o restabelecimento do Estado de Direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o professor e diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FADUSP) Celso Campilongo traçou uma relação entre os dois momentos históricos do país. Se a carta de 1977, em meio à repressão, ficou restrita a um pequeno grupo, a carta de 2022 ganhou grande repercussão e conta com assinaturas de todos os setores da sociedade.
"É preciso uma coragem cívica para evitar uma recaída autoritária no Brasil", afirmou o professor, ao se referir aos signatários da carta e compará-los aos que assinaram um documento similar, em 1977, contra a Ditadura Militar.
De acordo com ele, hoje, há também o clima de medo no país. “Medo de as ameaças autoritárias se concretizem", explicou.
Fonte: CUT