Educação: Financiamento do governo tem juro menor que o de banco

Publicado em 24 de fevereiro de 2010 às 10h49min

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Universidade à vista. Depois da maratona de provas de vestibular, é hora de os alunos que optaram por cursar uma faculdade particular fazerem as contas para ver se o valor da mensalidade cabe no bolso.
Nos casos em que a ginástica orçamentária parece não ser suficiente, uma dica é recorrer a um dos financiamentos estudantis disponíveis no mercado. Hoje, há diversos tipos, entre os oferecidos pelos bancos, pelas próprias instituições e pelo governo.
No Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior), o governo federal financia parcial ou integralmente a mensalidade no período que o aluno julgar necessário e ele começa a quitar a dívida 18 meses após terminar a faculdade. Até lá, ele se compromete a pagar trimestralmente os juros do financiamento, limitados à parcela máxima de R$ 50.
Para saldar a dívida, o aluno tem até três vezes o tempo que usou o Fies. Assim, um estudante que financie seus quatro anos de graduação terá 12 anos, depois da carência de um ano e meio, para quitar seu débito.
Após a reformulação do programa, divulgada no início deste ano, a taxa de juros passou a ser de 3,5% ao ano. Antes, podia ser de 3,5% ou 6,5%, dependendo da graduação. Até 2007, esse valor era de 9% anuais.
Mas, antes de tomar qualquer decisão, o advogado Sérgio Tannuri, especializado em direito do consumidor, sugere que o aluno tenha bom senso e peça ajuda aos pais para analisar minuciosamente propostas e condições de pagamento.
"O estudante tem de ter a noção de que está assumindo uma dívida futura para quando se formar", alerta o especialista.
Tannuri ainda lembra que em algumas carreiras, como odontologia, o aluno pode ter gastos iniciais elevados na compra de equipamentos ou na montagem de um consultório.
No caso de Rilton Dantas, 24, a ajuda do Fies foi bem-vinda. Com o financiamento, ele pôde fazer o curso de tecnologia em redes de computadores. Agora, está no último semestre e planeja começar a quitar sua dívida em um ano. "Os juros do Fies são menores do que os dos bancos", afirma Dantas.
Para participar do Fies, o aluno precisa, primeiro, se informar se sua faculdade tem convênio com o Ministério da Educação. Se tiver, o estudante deve se inscrever no programa e apresentar a documentação exigida ao Banco do Brasil ou à Caixa Econômica Federal.
O período de inscrição deste ano ainda não foi definido, mas o MEC espera que seja mais ou menos na mesma época que no ano passado, no fim de março.
Índice de calote no Fies chega a 25%, diz Caixa
Não há financiamento que resista à dobradinha adesão baixa/falta de pagamento. No Fies não foi diferente.
A inadimplência ao programa, hoje, chega a 25%, de acordo com dados da Caixa Econômica. Os 32 mil contratos firmados no ano passado representam apenas 16% dos 200 mil que o Fies pode oferecer. Diante dessa situação, o MEC precisou reeditar os termos do Fies.
Foi por isso que baixou a taxa de juros, aumentou o prazo para o aluno quitar sua dívida e deu a possibilidade de pagamento com trabalho para os estudantes formados em cursos de licenciatura, entre outras mudanças.
Daniela Pellegrino, 36, é líder nacional do movimento Fies Justo (www.fiesjusto.com.br), que reúne um grupo com problemas em pagar o financiamento. Devido à carência do programa, as pessoas que já começaram a pagar o Fies são as que contrataram o financiamento quando a taxa anual era de 9% ao ano. Para esse grupo de alunos, no qual Daniella se inclui, as parcelas são muito salgadas, já que juros sobre juros fazem o valor devido ficar muito alto.
Para Daniela, a nova proposta do MEC é boa. "Quem for fazer o Fies agora vai ficar bem melhor. Deveria ter sido assim desde o início."

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