“Simplesmente não é possível”, diz reitor da UFRN sobre menor orçamento em 10 anos

Publicado em 10 de novembro de 2022 às 14h27min

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José Daniel Diniz Melo e Henio Ferreira de Miranda foram reconduzidos para os cargos de reitor e vice-reitor, respectivamente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em consulta pública, realizada na última terça-feira (8), a comunidade acadêmica confirmou a indicação da chapa única para um novo mandato, de quatro anos.

Com 6.893 votos – sendo 6.421 válidos, 270 brancos e 202 nulos -, Daniel Diniz vem de dois mandatos na Reitoria da UFRN – um como reitor e outro, anterior, como vice-reitor. Para ele, o mandato que se encerra no primeiro semestre de 2023, foi marcado por, pelo menos, duas grandes crises.

A primeira, devido ao contingenciamento orçamentário, que impôs graves limitações às universidades federais, comprometendo, inclusive, a manutenção de serviços básicos. A outra, ocasionada pela pandemia da Covid-19, que obrigou a educação brasileira a se adaptar a uma realidade nunca antes experimentada.

“Infelizmente, existe um cenário de poucos recursos e existe um outro cenário de inviabilidade, de não ser possível realizar as ações da instituição. Esse é o cenário que nós estamos vivendo neste mês”, disse o reitor eleito.

A recondução de Daniel para o cargo de reitor da UFRN ocorre em meio a sucessivos cortes no orçamento da universidade e, mais recentemente, ao risco de suspensão de parte dos serviços prestados pelo Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL).

Sobre esse assunto, o reitor e o superintendente do hospital, Stenio da Silveira, estão nesta quinta-feira (10), em Brasília, onde devem se reunir com o presidente da EBSERH, Oswaldo Ferreira. Em pauta, a suplementação orçamentária necessária para regularizar o funcionamento do hospital até o final do ano.

Além disso, Daniel explica que a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) já está trabalhando junto ao Congresso Nacional para reverter a previsão orçamentária enviada pelo presidente Bolsonaro (PL) para 2023. “Esse projeto prevê um orçamento menor do que o orçamento que nós temos neste ano e isso simplesmente não é possível”, alertou o reitor.

A proposta de Orçamento prevê R$ 5,39 bilhões para as despesas discricionárias das universidades federais, ou seja, para gastos com custeio e investimento. É o menor valor em 10 anos, de acordo com levantamento do Observatório do Conhecimento, rede formada por associações e sindicatos de docentes.

Para se ter uma ideia, em 2014 – início da série histórica -, o orçamento aprovado pelo Congresso para investimento e custeio das universidades federais era de R$ 13,94 bilhões (em valores corrigidos pela inflação), mais que o dobro do previsto para o próximo exercício.

Balanço

Para o vice-reitor, Henio Miranda, a palavra para este mandato é “resiliência”. Segundo ele, as adversidades uniram a comunidade acadêmica e fizeram com que a UFRN reafirmasse sua relevância social.

“A Universidade, além de manter suas atividades, mesmo de forma remota, produziu várias alternativas para o enfrentamento da pandemia da Covid-19. Por incrível que pareça, a adversidade fez com que nós crescêssemos. A Universidade cresceu e fez aquilo que não tinha planejado, que foi colaborar, de forma preponderante, com o enfrentamento da pandemia junto às organizações sociais e ao Governo do Estado, ao Governo Federal e ao Governo Municipal”, destacou o vice-reitor. 

Visão compartilhada pelo reitor Daniel Diniz, que fala sobre superação. “Um cenário completamente adverso, com dificuldades no cenário político, no cenário orçamentário, combinado com uma pandemia global. E essa universidade ter superado esse desafio enorme, avançando na qualidade dos seus cursos, no reconhecimento da gestão – nós temos vários indicadores de reconhecimento – esse, para mim, é o destaque maior”, reforçou.

Perspectivas e desafios

Para a próxima gestão (2023-2027), o foco está em três pilares: qualidade, inclusão e inovação.  E apesar de todas as dificuldades e desafios, o professor Henio Miranda, vice-reitor, afirma ter expectativas muito positivas. 

“Nossa carta-programa prevê uma universidade cada vez mais democrática, inclusiva e de qualidade acadêmica e significativa. A UFRN já é uma das principais universidades latinoamericanas, em especial do Nordeste. Nós somos, hoje, o primeiro lugar em administração de pessoal e a nossa perspectiva é continuar mantendo esse lugar no ranking e conquistar outros. Cada vez mais, melhoramos o conceito de curso de graduação e dos programas de pós-graduação, que já têm tido um avanço bastante grande neste ano”, enfatizou. 

Fonte: Saiba Mais

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