Pesquisa revela realidade e desafios dos educadores para levar a perspectiva antirracista para o cotidiano escolar

Publicado em 30 de novembro de 2022 às 11h21min

Tag(s): Docentes Educação Racismo



Nova Escola 30.11

Foto: CNTE 

“No começo de 2021, eu estava passando por uma transição capilar. Um dia, cheguei na escola e uma professora parou ao meu lado e perguntou porquê eu tinha cortado o meu cabelo ao invés de fazer chapinha. Em seguida, ela começou a comparar o meu cabelo a esponja de aço e a fazer piadas maldosas. A primeira reação que tive foi uma vontade grande de chorar. Fiquei muito triste e, depois, busquei forças dentro de mim para passar por cima do que ouvi, porque doeu demais”.

Esse é um breve relato do que a professora Valdilene Melo dos Santos, de 46 anos, autodeclarada parda, sentiu após ter sido vítima de racismo na escola onde trabalha com os Anos Iniciais na rede pública de Parauapebas, município paraense a 700 quilômetros de Belém. Ela atua em duas unidades públicas, onde a maioria dos professores é branca, e afirma que não há abertura para se discutir com a comunidade escolar os preceitos de uma educação antirracista. “Cheguei a ouvir da coordenação que não era para eu trabalhar a cultura antirracista nas minhas aulas porque racismo não existe no Brasil, que isso é ‘mimimi’ de negro”, lembra.

Sem apoio para trabalhar o tema, a educadora percebe um cenário de propagação de preconceitos e discriminação racial. O último episódio, inclusive, ocorreu na mesma manhã em que a educadora se preparava para conversar com a NOVA ESCOLA sobre o assunto. “Estávamos fazendo uma exposição para celebrar o Dia da Consciência Negra e, sem nenhuma razão evidente, um grupo de alunas brancas não quiseram falar sobre autores e personalidades negras que conseguiram construir histórias de sucesso no Brasil. Percebi que não se tratava de vergonha de falar, mas de preconceito mesmo”, conta.

 

Fonte: CNTE 

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