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Publicado em 16 de dezembro de 2022 às 11h24min
Tag(s): Bolsas Cortes na Educação Negros
Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil
Alunos de universidades e institutos federais em todo o país têm vivido o impacto dos cortes nas bolsas anunciadas na semana passada pelo governo Jair Bolsonaro (PL), mas são alunos/as negros/as, de baixa renda e das periferias dos rincões do Brasil que estão com mais dificuldades para pagar transporte, alimentações e moradia.
Estima-se que os cortes anunciados pelo governo federal atingem pelo menos 500 mil estudantes em extrema vulnerabilidade social que podem ficar sem receber bolsa auxílio devido ao bloqueio de recursos no orçamento do Ministério da Educação (MEC) que podem chegar a R$431 milhões.
Sem as bolsas na graduação, pós-graduação e mestrado, que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) deixam de oferecer devido a medida do governo, os estudantes de baixa renda precisam escolher entre trabalhar de forma integral para ajudar a família ou continuar estudando.
De acordo com Maria Caramez Carlotto, professora da Universidade Federal do ABC (UFABC) e membro do grupo de pesquisa Filosofia, História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia, sediado no Instituto de Estudos Avançados da USP, faltam dados para medir essa desigualdade estudantil nas universidades federais, no entanto, não restam dúvidas que são os alunos pobres e negros que acabam ficando sem condições de continuar nas universidades sem este recurso.
“Eles precisam trabalhar para se manter na universidade e isso contribui para a desigualdade. Quando eles (alunos negros) saem da universidade acabam atrasando sua formação e toda a carreira de pesquisa porque precisam conseguir empregos para financiar os estudos e, com isso, acaba aproveitando menos do que eles poderiam e as desigualdades vão se reproduzindo assim”, destaca Carlotto.
Para a professora, a evasão é o dado mais radical, porque até chegar nisso tem uma série de (outras) desigualdades que são reproduzidas por essa falta de políticas públicas.
“Essa situação é bem grave, é extrema, mas o que eu quero frisar é que a evasão é um dado que a gente não tem (no ensino superior), mas certamente isso tem uma série de outros impactos, como na saúde mental, por exemplo. Todos esses alunos mais vulneráveis sofrem mais problemas de saúde mental e privações de materiais porque eles são submetidos a uma jornada de trabalho que muitas vezes afasta eles de posições mais adequadas para sua formação no futuro”, destaca Carlotto.
Medida do governo Bolsonaro amplia racismo estrutural e instrucional
O contingenciamento de recursos feito pelo governo Jair Bolsonaro (PL) nas universidades e institutos federais atinge a maior proporção de alunos cotistas do país. Isso porque quanto mais pobre é a faixa da população, maior é a porcentagem de pessoas negras (pretas e pardas). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de pessoas pretas no Brasil é de 56,1%.
Na avaliação da professora da UFABC, os estudantes negros são mais vulneráveis porque eles fazem parte do grupo que vive em condições de maior vulnerabilidade do ponto de vista econômico. São pessoas que residem em casas com maior número de moradores, em regiões mais afastadas, com falta de saneamento básico e longe dos serviços de saúde, e que dependem mais do transporte público e do Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo a professora, a medida do governo aprofunda ainda mais o racismo, tanto o estrutural, que é enraizado na sociedade, quanto o institucional, dentro dos espaços públicos. “Como romper com essa disparidade?”, pergunta.
Para ela, mudar a realidade é fazer o inverso do que Bolsonaro fez. “É preciso fazer uma política de inclusão consistente, que você tenha bolsas no valor adequado porque os alunos precisam pagar moradia, alimentação, transporte, livros e as bolsas estão muito defasadas porque não são reajustadas há muito tempo, tanto de pesquisa como de graduação, mestrado e doutorado”.
Fonte: CNTE